O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, está em turnê no Oriente Médio, para tentar conter a crise política oriunda do genocídio perpetrado por Israel na Faixa de Gaza.
Monitor do Oriente Médio
Seus esforços, porém, resultaram em “encontros dificílimos” com líderes de cinco regimes árabes até então, reportou James Bays, editor de diplomacia da rede Al Jazeera.
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, em 3 de novembro de 2023 [Jonathan Ernst/AFP via Getty Images] |
“Eles não concordam com a posição americana. Eles reivindicam um cessar-fogo imediato”, declarou Bays.
Blinken insiste na tese de “pausa humanitária” para levar assistência e retirar estrangeiros e cidadãos binacionais de Gaza, apesar da pressão crescente para que seu governo pressione por um cessar-fogo. O chanceler americano, no entanto, sequer foi capaz de convencer seu maior aliado na região a interromper provisoriamente os disparos.
“Penso que há uma dificuldade real para o secretário de Estado”, avaliou Bays. “Como ele vai mensurar suas palavras … penso que veremos as diferenças a olho nu”.
A Casa Branca busca mitigar danos a sua imagem após semanas de declarações inflamatórias do presidente democrata Joe Biden, à véspera de um conturbado ano eleitoral. Progressistas advertem que não pretendem votar em Biden para reeleição, ao traçar o apoio incondicional ao genocídio em Gaza como “linha vermelha”.
Desde então, a vice-presidente Kamala Harris assumiu maior protagonismo na crise, que arrisca não apenas divisões internas como crise com parceiros internacionais, em meio a uma conjuntura de ascensão da China.
Após encontrar-se com oficiais americanos, o ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou que Israel comete crimes de guerra que exigem responsabilização sob o direito internacional.
“Toda a região está mergulhando em um mar de ódio que definirá gerações por vir”, afirmou o chanceler. “Não aceitamos isso como autodefesa. Não há qualquer pretexto ou justificativa para isso e tampouco trará segurança a Israel, muito menos paz à região”.
A chancelaria egípcia fez coro ao reino hachemita ao reafirmar que a posição de Washington não é “aceitável”. Cairo e Amã demandam um cessar-fogo e denunciam as violações e crimes cometidos por Israel em Gaza.
Blinken, contudo, permanece obstinado: para ele, ao ecoar a liderança israelense e justificar os bombardeios contra 2.4 milhões de civis em Gaza, um cessar-fogo permitiria ao Hamas se reagrupar. O ministro afirmou ainda estar “comprometido” com a soltura dos prisioneiros de guerra em Gaza e com o fim do governo do Hamas no território sitiado — não obstante, sem apresentar qualquer caminho democrático a eleições palestinas.
Blinken insistiu trabalhar para “impedir agentes estatais e não estatais de abrir outra frente ao conflito ou empregar novas ações desestabilizadoras”. Não citou, entretanto, os ataques transfronteiriços de Israel ao Líbano e à Síria, incluindo fósforo branco — munição proibida internacionalmente.
O secretário americano reiterou ainda trabalhar por uma “solução de dois Estados” — inviabilizada pelas ações expansionistas de Israel.
O próximo destino de Blinken será a Turquia, que confirmou remover seu embaixador de Tel Aviv e cortar todo contato com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, neste sábado (4).
Apesar de hesitar até então, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan está sob pressão para romper relações com Israel, uma semana após discursar em um protesto de massa contra o massacre da ocupação executado em Gaza.
Israel já havia retirado todos os diplomatas da Turquia e de outros países regionais sob o pretexto de “precaução de segurança”. A chancelaria ocupante alegou na última semana “reavaliar” as relações com Ancara por sua oposição aos ataques a Gaza.
A Turquia se junta a vários países que removeram seus emissários de Tel Aviv em protesto ao genocídio em Gaza, como Chile, Colômbia, Jordânia e Bahrein. O revés barenita representa o primeiro golpe aos chamados Acordos de Abraão, que normalizaram laços entre a ocupação e Estados árabes em 2020.
A conjuntura também impediu a normalização de relações entre Israel e Arábia Saudita.
Neste contexto, os Emirados Árabes Unidos — que também firmaram relações com Tel Aviv em 2020 — advertiram para o fracasso da “política de contenção” empregada por Israel até então.
Anwar Gargash, assessor de política externa da presidência emiradense, reiterou que os Estados Unidos têm de pressionar por uma desescalada, de modo que sua credibilidade política na região está em jogo.
“Se a crise prosseguir, sobretudo humanitária, e caso traga de volta o velho ciclo e a velha estratégia de contenção anterior a 7 de outubro, penso que o papel americano aqui, não importa certo ou errado, será visto como ineficiente”, argumentou Gargash.
Em Gaza, são 9.488 palestinos mortos até então — entre os quais 3.826 crianças e 2.405 mulheres. Ao menos 30 mil pessoas ficaram feridas, além de 2.200 desaparecidos sob os escombros, dos quais 1.250 crianças.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.
“Penso que há uma dificuldade real para o secretário de Estado”, avaliou Bays. “Como ele vai mensurar suas palavras … penso que veremos as diferenças a olho nu”.
A Casa Branca busca mitigar danos a sua imagem após semanas de declarações inflamatórias do presidente democrata Joe Biden, à véspera de um conturbado ano eleitoral. Progressistas advertem que não pretendem votar em Biden para reeleição, ao traçar o apoio incondicional ao genocídio em Gaza como “linha vermelha”.
Desde então, a vice-presidente Kamala Harris assumiu maior protagonismo na crise, que arrisca não apenas divisões internas como crise com parceiros internacionais, em meio a uma conjuntura de ascensão da China.
Após encontrar-se com oficiais americanos, o ministro de Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reiterou que Israel comete crimes de guerra que exigem responsabilização sob o direito internacional.
“Toda a região está mergulhando em um mar de ódio que definirá gerações por vir”, afirmou o chanceler. “Não aceitamos isso como autodefesa. Não há qualquer pretexto ou justificativa para isso e tampouco trará segurança a Israel, muito menos paz à região”.
A chancelaria egípcia fez coro ao reino hachemita ao reafirmar que a posição de Washington não é “aceitável”. Cairo e Amã demandam um cessar-fogo e denunciam as violações e crimes cometidos por Israel em Gaza.
Blinken, contudo, permanece obstinado: para ele, ao ecoar a liderança israelense e justificar os bombardeios contra 2.4 milhões de civis em Gaza, um cessar-fogo permitiria ao Hamas se reagrupar. O ministro afirmou ainda estar “comprometido” com a soltura dos prisioneiros de guerra em Gaza e com o fim do governo do Hamas no território sitiado — não obstante, sem apresentar qualquer caminho democrático a eleições palestinas.
Blinken insistiu trabalhar para “impedir agentes estatais e não estatais de abrir outra frente ao conflito ou empregar novas ações desestabilizadoras”. Não citou, entretanto, os ataques transfronteiriços de Israel ao Líbano e à Síria, incluindo fósforo branco — munição proibida internacionalmente.
O secretário americano reiterou ainda trabalhar por uma “solução de dois Estados” — inviabilizada pelas ações expansionistas de Israel.
O próximo destino de Blinken será a Turquia, que confirmou remover seu embaixador de Tel Aviv e cortar todo contato com o premiê israelense, Benjamin Netanyahu, neste sábado (4).
Apesar de hesitar até então, o presidente turco Recep Tayyip Erdogan está sob pressão para romper relações com Israel, uma semana após discursar em um protesto de massa contra o massacre da ocupação executado em Gaza.
Israel já havia retirado todos os diplomatas da Turquia e de outros países regionais sob o pretexto de “precaução de segurança”. A chancelaria ocupante alegou na última semana “reavaliar” as relações com Ancara por sua oposição aos ataques a Gaza.
A Turquia se junta a vários países que removeram seus emissários de Tel Aviv em protesto ao genocídio em Gaza, como Chile, Colômbia, Jordânia e Bahrein. O revés barenita representa o primeiro golpe aos chamados Acordos de Abraão, que normalizaram laços entre a ocupação e Estados árabes em 2020.
A conjuntura também impediu a normalização de relações entre Israel e Arábia Saudita.
Neste contexto, os Emirados Árabes Unidos — que também firmaram relações com Tel Aviv em 2020 — advertiram para o fracasso da “política de contenção” empregada por Israel até então.
Anwar Gargash, assessor de política externa da presidência emiradense, reiterou que os Estados Unidos têm de pressionar por uma desescalada, de modo que sua credibilidade política na região está em jogo.
“Se a crise prosseguir, sobretudo humanitária, e caso traga de volta o velho ciclo e a velha estratégia de contenção anterior a 7 de outubro, penso que o papel americano aqui, não importa certo ou errado, será visto como ineficiente”, argumentou Gargash.
Em Gaza, são 9.488 palestinos mortos até então — entre os quais 3.826 crianças e 2.405 mulheres. Ao menos 30 mil pessoas ficaram feridas, além de 2.200 desaparecidos sob os escombros, dos quais 1.250 crianças.
As ações israelenses equivalem a punição coletiva, crime de guerra e genocídio.