Thomas White, diretor da Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) em Gaza, reiterou nesta sexta-feira (3) que a bandeira da organização internacional já não basta para proteger os 600 mil palestinos que se abrigaram em suas escolas, tentando se refugiar dos incessantes bombardeios de Israel ao território sitiado.
Monitor do Oriente Médio
Durante informe a equipes da entidade, declarou White: “Essas são pessoas buscando refúgio sob o brasão das Nações Unidas, conforme as prerrogativas da lei humanitária internacional. Sejamos claros, no momento, não há lugar seguro”.
Velório do jornalista palestino Mohammed Abu Hatab, morto em sua casa por um ataque aéreo israelense, em Khan Yunis, Gaza, em 3 de novembro de 2023 [Abed Zagout/Agência Anadolu] |
Segundo seu relato, mais de 50 instalações da ONU sofreram danos devido aos ataques de Israel, incluindo cinco localidades alvejadas diretamente. Ao menos 38 pessoas morreram.
White expressou receios de que o número aumente “consideravelmente”, sobretudo no norte de Gaza, após a UNRWA perder contato com muitos de seus centros.
Conforme o oficial, a ONU permanece como última esperança a muitas pessoas de Gaza na conjuntura atual, de modo que é crítica a ameaça de que sua bandeira deixe de flamular na região. “A verdade é que não podemos sequer dar segurança às pessoas sob a bandeira das Nações Unidas”, reiterou.
White observou ainda que, durante suas visitas a diversas partes de Gaza nas últimas semanas, as cenas são de morte e destruição.
Ao menos 72 funcionários da UNRWA foram mortos por Israel desde o início da escalada contra Gaza, em 7 de outubro, em retaliação a uma operação surpresa do movimento de resistência Hamas, que cruzou a fronteira e capturou soldados e colonos.
A ação de resistência decorreu de meses de escalada colonial em Jerusalém e na Cisjordânia, além de 17 anos de cerco militar a Gaza.
Foram mortos 9.488 palestinos até então — incluindo 3.826 crianças e 2.405 mulheres. Ao menos 30 mil pessoas ficaram feridas, além de 2.060 desaparecidos sob os escombros, dos quais 1.120 crianças.
Martin Griffiths, subsecretário-geral das Nações Unidas para assuntos humanitários, alertou que os números são muito maiores, à medida que não se conhece o número de vítimas sob os escombros e que há mortos ainda não contabilizados.
Griffiths corroborou o colapso do sistema de saúde e advertiu que a UNRWA praticamente deixou de funcionar. “O que vemos hoje nos territórios palestinos é uma pústula em nossa consciência coletiva”, reafirmou.