O presidente do conselho do Hospital Albert Einstein e da Conib (Confederação Israelita do Brasil), Claudio Lottenberg, disse nesta 4ª feira (22.nov.2023) que os assentamentos israelenses na Cisjordânia precisam ser “estancados” e “removidos”.
Por Guilherme Waltenberg | Poder360
“Israel vai ter que tomar atitudes adequadas. Mas isso vai acontecer no momento em que tiver um interlocutor confiável”, afirmou Lottenberg em entrevista ao Poder360. “Se você tem 2 Estados, ali não é local de ter colônias israelenses que ali estão se estabelecendo”, disse o presidente da Conib se referindo à Israel e à Palestina.
Em 1967, um embate entre Israel e nações árabes ficou conhecido como Guerra dos 6 Dias. No conflito, os israelenses tomaram o controle da Faixa de Gaza, da Cisjordânia e de Jerusalém Oriental. Cerca de 500 mil pessoas deixaram a região, segundo a ONU.
Foi a partir deste conflito que Israel começou a construir pequenas comunidades judaicas na Cisjordânia. Os chamados assentamentos israelenses existem até hoje. A ONU se manifestou contra a ocupação israelense e decretou a ilegalidade desses assentamentos. Também classificou a Cisjordânia e a Faixa de Gaza como territórios palestinos ocupados.
Na 3ª feira (21.nov), o governo de Israel aprovou um acordo de cessar-fogo com o Hamas que determina a libertação de reféns detidos pelo grupo extremista na Faixa de Gaza em troca de reféns israelenses. O nome de 300 pessoas foi divulgado nesta 4ª feira (22.nov).
Lottenberg afirmou que o “Hamas está devolvendo reféns” e que “Israel está devolvendo prisioneiros”, que estavam detidas por conta de alguma infração que haviam cometido. “Algumas prisões de natureza administrativa e outros prisioneiros que foram julgados e condenados”, disse.
“São moedas que, na verdade, precisam ser bem pontuadas, mas eu vejo de maneira otimista, porque pode representar uma oportunidade de um diálogo”, declarou Lottenberg. “Com o Hamas, não, mas com os palestinos. [Para] a existência de 2 Estados que se respeitem mutuamente”, afirmou.
O presidente da Conib avaliou ainda as falas do presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que em 13 de novembro afirmou que a reação de Israel na Faixa de Gaza é tão grave quanto o ataque “terrorista” do Hamas em 7 de outubro.
Lottenberg disse que “a impressão […] é que ele passa um pouco dos limites e acaba passando uma mensagem nem sempre precisa. Isso é ruim, porque legitima o sentimento do antissemitismo”.
“O presidente, talvez, precisasse ser um pouco mais zeloso. Ele tem feito isso. Na última vez que se manifestou, ele foi bastante feliz. Portanto, só posso agradecer por ele fazer isso porque cria um clima de mais tranquilidade para a comunidade judaica”, declarou Lottenberg.