Robert Fico foi designado primeiro-ministro da Eslováquia, após a vitória de seu partido, o Smer-SSD, nas eleições legislativas de sábado (30). A presidente do país, Zuzana Caputova, confiou, nesta segunda-feira (2), a formação do novo governo a este populista pró-Rússia que pretende acabar com a ajuda militar à Ucrânia.
RFI
Contrariando os resultados de duas pesquisas de boca de urna, o partido de Fico obteve 23,3% dos votos, passando o partido de Centro Eslováquia Progressista (PS), que obteve 17,03% dos votos.
Líder do partido Smer SSD, Robert Fico, discursa durante uma coletiva depois das eleições legislativas em Bratislava, na Eslováquia, em 1° de outubro de 2023. REUTERS - RADOVAN STOKLASA |
"Eu entendo que os resultados das eleições estejam associados a diversas preocupações por várias pessoas”, declarou Caputova, do Partido Progressista. “A missão do chefe de Estado é respeitar os resultados das eleições democráticas e ao mesmo tempo, garantir o bom funcionamento de nossas instituições constitucionais”, declarou em um comunicado antes da cerimônia oficial retransmitida pela televisão.
Durante a campanha, Fico, de 59 anos, prometeu que a Eslováquia não enviaria mais "uma única bala de munição" à Ucrânia e defendeu melhores relações com a Rússia. O ex-primeiro-ministro declarou recentemente que “a guerra na Ucrânia começou em 2014, quando fascistas ucranianos mataram vítimas civis de nacionalidade russa”, repetindo afirmações russas não comprovadas.
No domingo (1), ele afirmou que seu país de 5,4 milhões de habitantes tinha “problemas maiores” do que a ajuda à Ucrânia. Até agora, a Eslováquia, membro da União Europeia e da Otan, tem sido um importante doador europeu para a Ucrânia, em proporção a seu PIB.
"Acreditamos que a Ucrânia é uma enorme tragédia para todos. Se Smer for encarregado de formar um gabinete... faremos o nosso melhor para manter conversações de paz o mais rapidamente possível", disse Fico à imprensa no domingo.
O Kremlin afirmou que era “absurdo” qualificar como “pro-russo” o partido vitorioso.
“Somos confrontados a uma situação onde todo homem político disposto a pensar na soberania de seu país, a defender os interesses de seu país, é considerado como pro-russo. É absurdo”, declarou a jornalistas o porta-voz da presidência russa, Dmitri Peskov.
Cedo para prever consequências
O chefe da diplomacia ucraniana Dmytro Kouleba disse, às margens de uma reunião de chanceleres europeus em Kiev, que a Ucrânia “respeita a escolha do povo eslovaco” e disse que ainda era muito cedo para prever as consequências sobre as relações entre os países.
"Temos que esperar a formação da coalizão e em seguida, olhando sua composição, tiraremos as primeiras conclusões”, julgou o ministro ucraniano. O partido Smer-SD obteve apenas 23% dos votos.
A votação era considerada determinante para saber se o país continuaria em sua tendência pró-ocidental ou se iria se voltar para a Rússia.
O vencedor das eleições precisará da ajuda de partidos menores para formar uma coligação maioritária no parlamento de 150 lugares. O novo governo substituirá o da coligação de centro-direita, no poder desde 2020, que mudou três vezes em três anos e que forneceu considerável ajuda militar e humanitária à Ucrânia.
(Com AFP)