Presidente russo pediu o fim do "derramamento de sangue" no Oriente Médio e compara situação com guerra na Ucrânia
Reuters
O presidente russo, Vladimir Putin, pediu, nesta sexta-feira (13), o fim do “derramamento de sangue” no Oriente Médio e advertiu Israel que uma ofensiva terrestre na Faixa de Gaza levaria a um número “absolutamente inaceitável” de vítimas civis.
Os militares de Israel pediram que todos os civis de Gaza, mais de 1 milhão de pessoas, se mudassem para o sul dentro de 24 horas, enquanto aproximavam tanques da fronteira para uma suposta invasão terrestre em resposta ao ataque surpresa do Hamas no último sábado (7), que mantém 150 reféns, segundo o governo israelense.
Putin disse que Israel foi submetido a “um ataque sem precedentes na sua crueldade” e tem direito à proteção, mas que o derramamento de sangue deve cessar, alertando que um ataque terrestre levaria a “sérias consequências para todos os lados”.
“E o mais importante, as baixas civis serão absolutamente inaceitáveis. Agora o principal é parar o derramamento de sangue”, disse Putin numa cúpula no Quirguistão com outras ex-repúblicas da União Soviética.
“A Rússia está pronta para coordenar com todos os parceiros de mentalidade construtiva”, disse Putin, acrescentando que a chave para resolver o conflito era a criação de um Estado palestino independente com Jerusalém Oriental como capital.
A Rússia, que tem relações com Israel, palestinos e grupos como Hamas e Hezbollah, Irã e as principais potências árabes, culpou os Estados Unidos por ignorarem o destino dos palestinos e, assim, semearem o caos no Oriente Médio.
“A grande tragédia que os israelense e os palestinos vivem atualmente é o resultado direto da política falha dos Estados Unidos no Oriente Médio”, disse Putin.
“Os americanos, com o apoio dos europeus, tentaram monopolizar o processo de paz no Oriente Médio”, acrescentou.
A Rússia construiu relações muito mais estreitas com Israel após o colapso da União Soviética em 1991 e Israel foi cauteloso ao criticar abertamente Moscou pela invasão da Ucrânia em 2022, que deixou centenas de milhares de pessoas mortas ou feridas.
Desde o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro, tanto Kiev como Moscou têm procurado comparar os acontecimentos na região com a guerra na Ucrânia.
Kiev comparou Moscou ao Hamas, enquanto a Rússia afirmou que o Ocidente ignorou o destino dos palestinos enquanto apoiava Israel.
“Mais de um milhão de pessoas de Gaza devem deixar a cidade urgentemente… a pedido do exército israelense. No entanto, todos os ‘parceiros ocidentais’ estão vergonhosamente silenciosos”, disse o ex-presidente russo Dmitry Medvedev.
“Eu me pergunto qual seria a reação deles a uma exigência semelhante ao regime de Kiev para deixa ruma de [suas] principais cidades?”