A passagem de Rafah, único ponto de trânsito para a Faixa de Gaza não controlado por Israel, deve ser aberta na sexta-feira (20) para permitir a passagem de ajuda humanitária para o território palestino, que vem sendo bombardeado por Israel há 13 dias.
RFI
O canal egípcio AlQahera News afirmou que "Rafah abrirá amanhã", sexta-feira (20), sem dar mais detalhes. Já o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse que "não tem certeza" de que a ajuda poderá entrar já nesta sexta-feira na Faixa de Gaza. "Pedimos àqueles que podem autorizar que o façam, para evitar a tragédia que nos espera", declarou o representante da organização durante uma coletiva em Genebra.
Comboios de ajuda humanitária aguardam na passagem de Rafah para entrar em Gaza | REUTERS - STRINGER |
No Cairo, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu nesta quinta-feira "um acesso humanitário rápido e sem obstáculos" para a ajuda que será encaminhada a Gaza, além de um "cessar-fogo imediato. "Os comboios estão bloqueados há dias na passagem de Rafah, a única que não é controlada por Israel. "Precisamos de comida, água, combustível e remédios imediatamente", declarou.
Os palestinos bloqueados na Faixa de Gaza aguardavam, nesta quinta-feira (19), a entrada dos caminhões com ajuda prometida pelos Estados Unidos e o Egito. Este será o primeiro comboio autorizado a entrar no enclave desde o dia 7 de outubro, quando o grupo Hamas executou um ataque contra Israel, que resultou na morte de 1.400 pessoas, a maioria civis, e tomou quase 200 reféns.
Desde então, Israel mantém o território cercado, com bombardeios aéreos e o bloqueio do enclave palestino, além de milhares de soldados preparados para uma ofensiva terrestre.
A situação em Gaza é crítica. Os hospitais estão saturados e mais de 3.785 pessoas morreram e quase 12.500 ficaram feridas desde o início da represália israelense, segundo os números divulgados pelo ministério da Saúde do território controlado pelo Hamas. Bairros inteiros foram destruídos e os moradores não têm água, alimentos ou energia elétrica.
Número limitado de caminhões
Após a visita a Israel e de muitos contatos por telefone com as autoridades do Egito, o presidente americano, Joe Biden, anunciou que um número limitado de caminhões deve passar pelo posto de Rafah.
Na quarta-feira (18) à noite, o presidente americano disse ter obtido um compromisso para que "até 20 caminhões" fossem autorizados a atravessar a fronteira. "Queremos a passagem do maior número possível de caminhões. Acredito que há quase 150", disse.
Ele destacou que a entrada de um segundo comboio dependerá de "como acontecerá a distribuição do primeiro". "Se o Hamas confiscar a assistência, não deixar passar (...) então será o fim", alertou em uma escala na Alemanha em seu retorno a Washington.
Durante a visita a Israel, o presidente americano isentou Israel de qualquer responsabilidade no bombardeio do hospital Ahli Arab de Gaza. Palestinos e israelenses trocam acusações sobre o ataque.
O ministério da Saúde do território palestino afirmou que o bombardeio matou 471 pessoas, incluindo deslocados que foram para o hospital em busca de refúgio. Porém, uma fonte de um serviço de inteligência europeu entrevistada pela AFP afirmou que o número de vítimas seria muito menor.
Fotos e vídeos feitos pela AFP mostram dezenas de corpos debaixo de lençóis ou em sacos pretos. "Com base nas informações que temos até o momento, parece que (o ataque contra o hospital Ahli Arab) foi resultado de um míssil fora de controle disparado por um grupo terrorista de Gaza", disse Biden, que mencionou provas do Pentágono.
Israel afirma ter "evidências" de que a Jihad Islâmica, outro movimento islamita palestino, foi responsável pelo ataque contra o hospital.
Segundo a Jihad Islâmica, grupo aliado do Hamas e considerado terrorista pelos Estados Unidos, a União Europeia e Israel, uma bomba lançada por um avião das Forças Armadas de Israel provocou a tragédia.
Protestos
Milhares de pessoas protestaram na quarta-feira nos países árabes contra o ataque, que os manifestantes atribuem a Israel. Protestos foram registrados em Amã, Túnis, Beirute, Damasco e outras capitais após o ataque, que gerou apelos por um "dia de fúria" em todo o mundo árabe.
As tensões também permanecem na Cisjordânia ocupada, onde as forças israelenses mataram sete palestinos em incidentes separados nesta quinta-feira, segundo o Ministério da Saúde palestino. As forças israelenses ou colonos mataram ao menos 73 palestinos na Cisjordânia, desde o início do conflito.
A fronteira com o Líbano também não foi poupada e há trocas diárias de disparos entre o Exército israelense e o Hezbollah libanês.
Com informações da AFP