O novo secretário de Defesa do Reino Unido sugeriu que o treinamento militar britânico de soldados ucranianos, que atualmente ocorre em bases do Reino Unido, poderia se mover para o oeste da Ucrânia.
Associated Press
Em entrevista ao Sunday Telegraph, Grant Shapps disse que estava em discussões com o exército britânico sobre "eventualmente fazer com que o treinamento se aproximasse e realmente entrasse na Ucrânia também".
O primeiro-ministro Rishi Sunak foi rápido em descartar especulações de um envio iminente de soldados britânicos para a Ucrânia. A sugestão de Shapps não era para o "aqui e agora", disse Sunak a repórteres, mas uma possibilidade "a longo prazo".
"Não há soldados britânicos que serão enviados para lutar no conflito atual. Não é isso que está acontecendo", disse Sunak.
Políticos russos imediatamente criticaram a proposta. O ex-presidente Dmitry Medvedev, que é vice-secretário do Conselho de Segurança da Rússia, afirmou que Shapps estava pressionando ativamente "para uma Terceira Guerra Mundial".
O ministro britânico "transformará seus instrutores em um alvo legal para nossas Forças Armadas, sabendo perfeitamente que elas serão impiedosamente destruídas - não como mercenários, mas como especialistas da Otan", escreveu Medvedev nas redes sociais.
Desde que o presidente russo, Vladimir Putin, enviou tropas para a Ucrânia, há mais de 19 meses, Medvedev, formado em Direito, emergiu como uma das autoridades russas mais agressivas, emitindo regularmente comentários maldosos que combinam lemas latinos e expressões legais com palavras de quatro letras.
Observadores interpretaram a retórica de Medvedev, que soa mais dura do que as declarações até mesmo de antigos linha-dura do Kremlin, como uma aparente tentativa de obter favores a Putin.
Yan Gagin, conselheiro do chefe da parte ocupada pela Rússia da região de Donetsk, no leste da Ucrânia, também rejeitou a ideia de Shapps, mas sem os avisos inflamados de Medvedev. "Mesmo que os instrutores britânicos organizem treinamento para as forças armadas da Ucrânia dentro da Ucrânia, isso não trará nenhum resultado", disse Gagin à agência de notícias estatal russa RIA Novosti.
"A contraofensiva fracassada da Ucrânia já mostrou o nível desse treinamento", acrescentou.
Mais de 23.500 recrutas da Ucrânia receberam treinamento de combate em bases do exército em todo o Reino Unido desde o início de 2022, recebendo instruções sobre habilidades que incluem manuseio de armas e primeiros socorros no campo de batalha. No início deste ano, o governo britânico se comprometeu a treinar outros 20 mil recrutas.
O treinamento faz parte de um pacote mais amplo de apoio à Ucrânia que inclui uma promessa de 2,3 bilhões de libras (US$ 2,8 bilhões) em armas antitanque, sistemas de foguetes e outros equipamentos este ano.
Shapps, que assumiu o cargo de secretário de Defesa do antecessor Ben Wallace em agosto, disse que também conversou com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskyy, nos últimos dias sobre a Marinha Real britânica ajudar a defender navios comerciais no Mar Negro. Ele não deu detalhes.
Ele acrescentou que as empresas de defesa do Reino Unido devem considerar a instalação da produção na Ucrânia.
"Particularmente no oeste do país, acho que a oportunidade agora é trazer mais coisas para o país, e não apenas treinamento. Estamos vendo a BAE, por exemplo, entrar na fabricação no país", disse ele, referindo-se à principal fabricante britânica de defesa e aeroespacial. "Estou ansioso para ver outras empresas britânicas fazerem sua parte também, fazendo a mesma coisa."