Chanceler brasileiro dirá que situação na Faixa de Gaza é de emergência e tende a piorar
Por Eliane Oliveira | O Globo
Brasília — Representado pelo chanceler Mauro Vieira, o Brasil reforçará a urgência humanitária na Faixa de Gaza, em uma reunião que acontecerá neste sábado, no Egito. Estarão presentes líderes e autoridades de vários países, entre os quais os cinco membros permanentes e com direito a veto do Conselho de Segurança das Nações Unidas (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido e França), para discutir o conflito entre Israel e o grupo extremista palestino Hamas.
A mensagem a ser levada pelo Brasil, que este mês preside o Conselho de Segurança da ONU, é que a situação está cada vez mais grave e exige pressa. Segundo um interlocutor da área diplomática, Vieira vai reforçar que o governo brasileiro está preocupado com os civis de ambos os lados, tanto israelenses quanto os palestinos.
Os participantes da reunião vão discutir um cenário dramático: a demora da abertura, pelo Egito, da fronteira com a Faixa de Gaza, em Rafah. É o único posto de trânsito não controlado por Israel — por ser a única entrada e saída na região que não liga a Palestina a território israelense.
Os participantes da reunião vão discutir um cenário dramático: a demora da abertura, pelo Egito, da fronteira com a Faixa de Gaza, em Rafah. É o único posto de trânsito não controlado por Israel — por ser a única entrada e saída na região que não liga a Palestina a território israelense.
Além dos cerca de 5 mil estrangeiros que tentam deixar a zona de conflito, incluindo 32 brasileiros, dezenas de caminhões esperam autorização para entrar em Gaza. Pelo menos 2,3 milhões de pessoas vivem no local.
Também estarão presentes representantes da Argélia, da Turquia, do Iraque, da Jordânia e do Catar. O Brasil foi o único da América Latina a ser convidado. A previsão é que a reunião começará às 11h30, horário do Cairo (5h30 em Brasília).
Proposta brasileira rejeitada
Na última quarta-feira, um texto apresentado pelo Brasil — e que contou com a aprovação de 12 dos 15 membros permanentes e não permanentes do Conselho de Segurança da ONU — foi rejeitado, porque os americanos o vetaram. Os EUA alegaram, principalmente, que não estava expresso no documento o direito de Israel se defender. O país foi atacado de surpresa pelo Hamas na manhã do dia 7 de outubro.
A proposta brasileira pedia a condenação dos ataques terroristas do Hamas e cobrava, sem citar Israel, o fim do bloqueio à Faixa de Gaza. O documento fazia um apelo pela "libertação imediata e incondicional de todos os reféns civis" e destacava a necessidade de prover a população com eletricidade, água, combustível, comida e remédios.
Um novo texto está em negociação entre os membros do Conselho de Segurança. A ideia é elaborar ou uma nova proposta de resolução, ou uma declaração, a partir de um consenso, da presidência do órgão.
Outro caminho seria o assunto ser levado à Assembleia Geral da ONU. Para a diplomacia brasileira, não é uma boa solução, uma vez que esse colegiado, formado por quase 200 países, não tem poder de obrigar os países a cumprirem resoluções, por exemplo.
Até o momento, o Conselho de Segurança não se manifestou formalmente sobre o conflito no Oriente Médio.