O governo de Israel mostrou nesta quinta-feira ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e a ministros da Defesa da Otan imagens de crianças e civis mortos, dizendo que foram assassinados pelo grupo palestino Hamas, em busca de angariar apoio à sua resposta.
Reuters
JERUSÁLEM/TEL AVIV/BRUXELAS - O gabinete do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, também divulgou nas redes sociais uma foto de um bebê morto em uma poça de sangue e o corpo carbonizado de uma criança, parte de uma aparente tentativa de atiçar a fúria global contra os militantes de Gaza pelo ataque do último sábado.
Bens pessoais de participantes de Rave que foi atacada por Hamas, perto da Faixa de Gaza 12/10/2023 REUTERS/Ronen Zvulun |
Blinken, que voou para Tel Aviv mais cedo nesta quinta-feira, disse a repórteres que ele viu fotos e vídeos de um bebê alvejado com balas, soldados decapitados e jovens queimados vivos em seus carros ou esconderijos.
"É simplesmente depravação da pior maneira imaginável", disse Blinken, em coletiva de imprensa. "Imagens valem mais que mil palavras. Essas imagens podem valer mais que milhões".
Netanyahu prometeu aniquilar o Hamas após seu ataque contra comunidades israelenses inocentes no último sábado, que matou mais de 1.300 pessoas, a agressão mais letal em Israel desde a sua fundação em 1948.
A força aérea de Israel tem lançado intensos bombardeios contra Gaza nos últimos cinco dias e está acumulando dezenas de milhares de soldados na fronteira, antes de uma possível invasão por terra.
Autoridades de Gaza afirmaram que mais de 1.400 palestinos, a maioria civis e incluindo crianças, já foram mortos e mais de 6.000 ficaram feridos. Uma invasão por terra em um território de alta densidade populacional poderia aumentar em muito essa contagem.
IMAGENS HORRÍVEIS
Em uma mensagem na rede social X, o gabinete de Netanyahu divulgou o que afirmou serem "imagens horríveis de bebês assassinados e queimados pelos monstros do Hamas".
E acrescentou: "O Hamas é desumano. O Hamas é o Isis", comparando o grupo palestino ao Estado Islâmico, que é notório pela brutalidade de seus vídeos de execução.
As imagens de bebês mortos foram incluídas em um vídeo exibido à Otan. Não foi divulgado ao público, mas foi visto pela Reuters posteriormente em Jerusalém. A Reuters não conseguiu verificar o material de maneira independente.
A Casa Branca disse que não há motivo para duvidar da autenticidade das imagens.
O Hamas negou que seus militantes tenham causado danos a civis, acusando Israel e o Ocidente de disseminar falsas informações para incitar violência contra os palestinos.
O vídeo exibido à Otan, aparentemente feito com uma mistura de publicações de redes sociais do Hamas e vídeos de celulares não identificados, mostrou os corpos de vários civis mortos, além do corpo de um soldado israelense em uniforme sem a cabeça.
Não houve imagens para sugerir que os militantes decapitaram bebês -- uma acusação especialmente explosiva que surgiu em um primeiro momento na imprensa de Israel e foi inicialmente confirmada por autoridades israelenses.
O presidente norte-americano, Joe Biden, indicou na quarta-feira que havia visto imagens de crianças decapitadas pelos militantes. Posteriormente, a Casa Branca esclareceu que autoridades dos EUA não viram evidência de que isso aconteceu.
Reportagem adicional de Andy Gray em Bruxelas