O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, alertou Israel que o Oriente Médio pode sair do controle se não parar os ataques a Gaza.
Por Ece Goksedef | BBC News
Ele disse que os EUA também são "culpados" por fornecer apoio militar a Israel.
Os EUA também são culpados pelo conflito, disse Amir-Abdollahian | EPA |
Horas depois, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, alertou as tropas de seu povo que estavam em uma batalha por suas vidas e disse que a guerra contra o Hamas era "fazer ou morrer".
O Irã apoia tanto o Hamas, que atacou Israel há duas semanas matando 1.400 pessoas, quanto o Hezbollah libanês.
Mais de 4.600 palestinos foram mortos nas últimas duas semanas em Gaza, de acordo com o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas, e Israel anunciou no sábado que estava intensificando os ataques aéreos.
"Alerto os EUA e seu representante Israel que, se não pararem imediatamente o crime contra a humanidade e o genocídio em Gaza, tudo é possível a qualquer momento e a região sairá do controle", disse Amir-Abdollahian em entrevista coletiva em Teerã.
Ele disse que os resultados podem ser "severos, amargos" e "ter repercussões de longo alcance", tanto regionalmente quanto para aqueles que defendem a guerra.
O ministro das Relações Exteriores acrescentou que o apoio militar dos EUA a Israel é uma evidência de que o conflito em curso em Gaza foi "uma guerra por procuração realizada por Israel em nome dos Estados Unidos".
Altos funcionários dos EUA também alertam que o conflito pode se espalhar.
O secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, alertou para a perspectiva de uma "escalada significativa de ataques" contra tropas ou cidadãos americanos.
"Se algum grupo ou qualquer país está procurando ampliar esse conflito e tirar proveito dessa situação muito infeliz... nosso conselho é: não", disse ele no programa This Week, da rede ABC.
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também mencionou uma "probabilidade de escalada" de representantes iranianos, como o Hezbollah ou o Hamas, e disse que os EUA estão "tomando todas as medidas para garantir que possamos defender" israelenses e cidadãos americanos.
Várias bases iraquianas usadas pelas tropas da coalizão liderada pelos EUA foram alvo de ataques com drones e foguetes nos últimos dias.
Também no domingo, Netanyahu fez uma visita às tropas no norte de Israel, perto da fronteira com o Líbano, que tem sido palco de trocas de tiros com o Hezbollah desde os primeiros dias do conflito.
"Estamos em uma batalha por nossas vidas. Uma batalha pela nossa casa, isso não é exagero, isso é a guerra. É fazer ou morrer, eles precisam morrer", disse.
Ele alertou o Hezbollah para não entrar na guerra.
"[O Hezbollah] estará cometendo o maior erro de suas vidas. E vamos atingi-los com uma força inimaginável. Significará devastação para eles e para o Estado do Líbano", disse.
Por sua vez, o Hezbollah declarou que está "totalmente pronto para lutar contra Israel".
Pelo menos 27 pessoas foram mortas no sul do Líbano durante trocas de tiros entre Israel e o Hamas. Pelo menos cinco soldados israelenses e um civil foram mortos em Israel, de acordo com relatórios militares israelenses.
Israel ordenou a evacuação de dezenas de comunidades do norte, acrescentando mais 14 no domingo.
E na vizinha Síria - onde o Irã tem presença militar - mísseis israelenses atingiram os aeroportos internacionais de Damasco e Aleppo na madrugada deste domingo, matando pelo menos dois trabalhadores, segundo a mídia estatal síria.
Ambos os aeroportos foram retirados de uso devido aos danos em suas pistas.