Água enviada para Gaza atende a 1% dos palestinos, e doenças proliferam

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Em novo levantamento da ONU publicado na manhã deste domingo, a entidade deixa claro que o volume de ajuda internacional autorizado a entrar em Gaza é insuficiente. Para que a crise humanitária seja atendida, os comboios precisarão ser multiplicados por cinco e realizados todos os dias.


Jamil Chade | UOL

Por enquanto, apenas 20 caminhões foram autorizados a entrar em Gaza, o que foi descrito por diplomatas como apenas uma manobra de propaganda.

Palestinos feridos no ataque ao hospital Al-Ahl, em Gaza, esperam atendimento em outro hospital para o qual foram levados | Ali Jadallah / Anadolu via Getty Images

Nos carregamentos realizados no sábado, a água destinada para Gaza atende a apenas 1% da população e por apenas um dia. Enquanto isso, os serviços médicos revelam o surgimento e proliferação de doenças entre a população.

Os dados ainda revelam como bairros inteiros foram já destruídos e constatam que 62% das vítimas são mulheres e crianças. Superlotados, os abrigos da ONU registram caos, disputas violentas e tensão entre os palestinos.

Eis os principais dados do novo levantamento humanitário da ONU sobre Gaza:
  • O volume de mercadorias que entrou é equivalente a cerca de 4% da média diária de importações para Gaza antes das hostilidades. É apenas uma fração do que é necessário após dias de cerco total. A ONU alertou que é imperativo aumentar o acesso de ajuda para pelo menos 100 caminhões por dia.
  • Os bombardeios continuam quase inabaláveis e as hostilidades entram no décimo quinto dia em Gaza.
  • Mais 248 palestinos foram mortos nas últimas 24 horas. Isso eleva o número de vítimas fatais para 4.385 palestinos, sendo que 62% delas são crianças e mulheres.
  • 98 famílias palestinas perderam dez ou mais de seus membros. 95 famílias palestinas perderam de seis a nove membros; e 357 famílias perderam de 2 a 5 de seus membros. Mais de 1.000 palestinos foram dados como desaparecidos e presume-se que estejam presos ou mortos sob os escombros
  • Pelo menos 42% (164.756) de todas as unidades habitacionais da Faixa de Gaza foram destruídas ou danificadas desde o início das hostilidades. Bairros inteiros foram destruídos, especialmente em Beit Hanoun, Beit Lahia e Shuja'iyeh, a área entre Gaza e o campo de refugiados de Shati' e Abbassan Kabeera.

A ONU foi forçada a racionar a água potável, fornecendo apenas um litro por pessoa por dia. O padrão internacional mínimo é de 20 litros.

Foram detectados casos de catapora, sarna e diarreia, diante das condições precárias de saneamento e ao consumo de água de fontes inseguras. Espera-se que a incidência dessas doenças aumente, a menos que as instalações de água e saneamento recebam eletricidade ou combustível para retomar as operações.

As pessoas estão consumindo água salgada com mais de 3.000 miligramas por litro de teor de sal dos poços agrícolas. Isso representa um risco imediato à saúde, aumentando os níveis de hipertensão, especialmente em bebês com menos de seis meses, mulheres grávidas e pessoas com doenças renais. O uso de água subterrânea salina também aumenta o risco de diarreia e cólera.

Os estoques atuais de alimentos em Gaza são suficientes para cerca de 13 dias, de acordo com o Programa Mundial de Alimentos (WFP). No entanto, em nível de loja, espera-se que o estoque disponível dure apenas mais quatro dias.

Ataques contra escolas e hospitais

205 instalações educacionais foram afetadas, incluindo pelo menos 29 escolas da ONU. Oito dessas escolas foram usadas como abrigos de emergência para deslocados internos, sendo que uma delas foi diretamente atingida, resultando em pelo menos oito deslocados internos mortos e outros 40 feridos.

A superlotação e a escassez de suprimentos básicos provocaram tensões entre os deslocados internos, além de relatos de violência de gênero.

Em 21 de outubro, o exército israelense emitiu ordens de evacuação para os 17 hospitais ainda em funcionamento. Eles estão na cidade de Gaza, no norte de Gaza e em um hospital em Rafah. Até o momento, esses hospitais não foram evacuados, pois isso colocaria em risco a vida de pacientes vulneráveis.

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