Roberto Harari, que mora no país com esposa e filhos, disse que os integrantes do grupo usaram disfarce para sequestrar e matar cidadãos israelenses
Pedro Jordão | CNN
São Paulo - O brasileiro Roberto Harari, que mora em Israel com esposa e filhos, disse, em entrevista à CNN na tarde deste sábado (7), que militares do Hamas usavam roupas do exército israelense quando cometeram os ataques ao país.
Foguetes disparados por palestinos em resposta aos ataques aéreos israelenses durante uma operação em Gaza | Crédito: Anadolu Agency via Getty Images |
“A informação é que 200 a 300 terroristas entraram em Israel na madrugada. Esse é um dos motivos de medo que a gente tem aqui. Eles entraram aqui com uniforme do exército de Israel, bateram nas portas das pessoas. As pessoas abriram porque acharam que era o exército de Israel. E eles mataram essas pessoas a sangue-frio, sequestraram outros, na frente dos filhos, na frente dos pais, como terroristas do Hamas costumam fazer”, disse.
Segundo Harari, o governo de Israel pede para as pessoas evitarem sair de suas casas e sirenes são soadas para indicar à população que vá se abrigar em bunkers durantes ataques. Apesar disso, não há um toque de recolher oficial instituído, disse o brasileiro.
“A situação aqui é muito grave. Teve dois toques de sirenes na minha cidade, a mais ou menos 15 quilômetros de Tel Aviv. A gente correu para o bunker. O que a gente está vendo na cidade são as pessoas muito assustadas. Todos os reservistas foram convocados. Amigos meus foram convocados e estão indo para o front.”
Segundo Harari, apesar do medo, o povo está otimista e esperançoso pela resposta intensa de Israel. Ele ainda informou que houve uma união nacional dos políticos, de direita e esquerda, para combater a situação.
“A gente acredita e confia em Deus. A gente confia no governo de Benjamin Netanyahu. O povo se uniu e os políticos se uniram. Então, a gente tem muita confiança de que os nossos governantes vão saber fazer o que tem que fazer”, disse.
“Como a história mostrou, nesses 75 anos de Israel, que Israel vai se defender. E, depois disso, a minha sensação é que quando o Hamas sentir a força do retorno que Israel vai dar, eles vão pedir para negociar”, finalizou.
Entenda o conflito
De acordo com as Forças de Defesa de Israel (FDI), o ataque partiu da Faixa de Gaza. Mais cedo, o comandante militar do Hamas, Muhammad Al-Deif, divulgou uma mensagem gravada anunciando a operação “Tempestade Al-Aqsa”, na qual diz que o grupo militante palestino “alvejou as posições inimigas, aeroportos e posições militares [de Israel]” com milhares de foguetes.
- Hamas declara guerra contra Israel: “Se você tem uma arma, é hora de usá-la”Muhammad Al-Deif convocou um levante geral contra Israel em mensagem gravada neste sábado e declarou: “Se você [Israel] tem uma arma, use-a. Esta é a hora de usá-la – saia com caminhões, carros, machados. Hoje começa a melhor e mais honrosa história”.
- O chefe do grupo palestino disse que o ataque a Israel foi uma resposta aos ataques às mulheres, à profanação da mesquita de al-Aqsa e ao cerco de Gaza.
- Al-Deif apelou aos povos árabes e islâmicos para que viessem à “libertação de al-Aqsa”, a mesquita em Jerusalém
- As FDI afirmam que o Hamas fez reféns e prisioneiros de guerra desde que lançou o seu ataque surpresa na manhã deste sábado (7). Em vídeos geolocalizados e autenticados pela CNN, o Hamas parece ter feito prisioneiros israelenses dentro e perto de Gaza, incluindo soldados de Israel.
- Num dos vídeos, em Gaza, uma mulher descalça é puxada de um jipe por um homem armado e depois forçada a sentar-se no banco de trás do carro.”Estamos em guerra”, diz premiê israelense
- Seu rosto está sangrando e seus pulsos parecem amarrados atrás das costas. O jipe também parece ter uma placa das FDI, sugerindo que pode ter sido roubado e trazido para Gaza.
- Outro vídeo, que parece mostrar militantes do Hamas levando vários israelenses como prisioneiros, foi geolocalizado pela CNN em Be’eri, no sul de Israel, que é uma vila perto de Gaza.
- Num outro conjunto de vídeos geolocalizados e autenticados, o Hamas parece estar capturando soldados israelenses.
- O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o país está “em guerra” após o ataque surpresa do Hamas na manhã deste sábado.
- “Cidadãos de Israel, estamos em guerra – não numa operação, não em rondas – em guerra”, enfatizou Netanyahu numa mensagem de vídeo.
- O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, sustentou a posição do premiê e afirmou que Israel “vencerá esta guerra” contra os militantes palestinos.
- “O Hamas cometeu um grave erro esta manhã e lançou uma guerra contra o Estado de Israel. As tropas das FDI estão lutando contra o inimigo em todos os locais. Apelo a todos os cidadãos de Israel para que sigam as instruções de segurança. O Estado de Israel vencerá esta guerra”.