Um confronto entre a polícia e homens armados escondidos em um mosteiro transformou um vilarejo tranquilo no norte de Kosovo em uma zona de guerra, disseram moradores e policiais nesta quarta-feira, nos primeiros relatos no local dos combates.
Branko Filipovic e Fatos Bytyici | Reuters
BANJSKA, Kosovo - As autoridades de Kosovo permitiram a entrada de jornalistas no vilarejo de Banjska pela primeira vez desde a batalha de domingo, a pior violência dos últimos anos em uma área agitada onde os sérvios locais rejeitam o governo de Kosovo, dominado por albaneses étnicos.
Policiais de Kosovo patrulham rua do vilarejo de Banjska após tiroteio na região © Thomson Reuters |
"Na estrada principal pela qual vocês passaram, foi o local onde meu policial foi morto. Baleado e morto. Toda a parte que você vê por aqui foi usada para nos bombardear -- foram usados morteiros -- e para atirar em nós", disse Veton Elshani, comandante da polícia no norte de Kosovo, à Reuters no local.
"A investigação não terminará por muito tempo porque, para nós, é interessante saber por que esse lugar foi escolhido dessa maneira e qual era o objetivo desses homens armados, o que eles estavam tentando alcançar", disse Elshani.
As autoridades de Kosovo dizem que dezenas de homens armados tomaram um monastério ortodoxo sérvio no domingo antes de serem expulsos em um confronto na qual três combatentes e um policial foram mortos.
O morador de Banjska Radoslav Markovic, um sérvio de cabelos grisalhos, disse que, enquanto a luta estava em andamento, os moradores a levaram "a sério, como um estado de guerra".
Até o momento, três homens foram acusados de participar do ataque. Nenhum grupo reivindicou a responsabilidade ou explicou os motivos.
O Kosovo, que declarou independência da Sérvia em 2008 após uma revolta de guerrilheiros e uma intervenção da aliança militar ocidental Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) em 1999, acusa a Sérvia de armar e apoiar os combatentes sérvios.
A Sérvia, que não reconheceu a independência de sua antiga província, culpa o Kosovo por precipitar a violência ao maltratar os moradores de etnia sérvia. O país e o principal grupo político sérvio em Kosovo declararam luto público pelos sérvios mortos na batalha.
Falando em uma reunião do gabinete em Pristina, o primeiro-ministro de Kosovo, Albin Kurti, disse que a polícia havia encontrado armas no valor de 5 milhões de euros, "suficientes para centenas de combatentes".