A junta militar de Burkina Faso suspendeu na segunda-feira a revista de notícias francesa Jeune Afrique por ter publicado artigos considerados "inverídicos" que relatavam tensão e descontentamento dentro das Forças Armadas do país, informou a junta em comunicado.
Por Sofia Christensen e Anait Miridzhanian | Reuters
DACAR - A suspensão da Jeune Afrique marca a mais recente escalada em uma repressão à imprensa francesa desde que o país da África Ocidental caiu sob regime militar no ano passado.
Junta militar de Burkina Faso suspende revista francesa por artigos considerados "inverídicos" © Thomson Reuters |
A junta acusou a revista de tentar desacreditar as Forças Armadas e de manipular informações para "espalhar o caos" após dois artigos publicados nos últimos quatro dias.
A Jeune Afrique disse que a proibição foi mais um ataque à liberdade de informação em Burkina Faso.
"Essa decisão... contribui um pouco mais para tornar a região, e Burkina Faso em particular, em uma zona sem informação", disse a revista em um comunicado nesta terça-feira, acrescentando que sua administração e equipe editorial esperavam que o governo reconsiderasse a proibição.
As relações entre Burkina Faso e seu ex-colonizador, a França, têm piorado desde que as frustrações sobre o agravamento da insegurança ligada a uma insurgência jihadista estimularam duas tomadas de poder por militares no ano passado.
Essas tensões levaram a ordens de expulsão de funcionários diplomáticos, incluindo o embaixador francês no país, e fomentaram uma reação contra a imprensa estrangeira.
A junta já suspendeu as emissoras financiadas pelo governo francês Radio France Internationale e France24 por supostamente darem voz a militantes islâmicos que estão organizando uma insurgência na região do Sahel, ao sul do Saara. Ambas as organizações negaram as acusações.
Em abril, dois jornalistas franceses que trabalhavam para os jornais Le Monde e Libération foram expulsos do país.