Alexus Grynkewich, comandante da Força Aérea no Oriente Médio, diz que Moscou pode compartilhar tecnologia de modificação de drones com Teerã, que pode ser usada para apoiar o regime em Damasco
Carrie Keller-Lynn | The Times of Israel
O comandante da Força Aérea dos Estados Unidos no Oriente Médio alertou nesta quarta-feira sobre o "crescimento" dos laços militares entre Irã e Rússia, dizendo que a tecnologia compartilhada de drones é uma preocupação particular.
Drones iranianos modificados usados por Moscou em sua guerra na Ucrânia podem retroalimentar o Irã, que, por sua vez, pode empregá-los em sua campanha para apoiar o presidente sírio Bashar al-Assad, disse o tenente-general Alexus Grynkewich em um briefing em Abu Dhabi.
Washington acusa o Irã de fornecer drones a Moscou para uso na Ucrânia, uma acusação que Teerã nega.
"Acho que há um risco de que... à medida que a Rússia aceita os drones do Irã, à medida que modifica essas armas, que parte dessa tecnologia seja compartilhada de volta com o Irã (e) lhes dê capacidades adicionais", disse Grynkewich, comandante da Nona Força Aérea dos EUA, a repórteres.
"Vejo as implicações dessa relação se desenrolando um pouco na Síria."
Teerã e Moscou forneceram apoio econômico, político e militar ao governo na Síria, ajudando Damasco a recuperar a maior parte do território que havia perdido nos estágios iniciais da guerra.
"Estou preocupado com... a quantidade de cooperação e conluio entre a Rússia e o Irã que está acontecendo na Síria", disse Grynkewich.
"Isso é algo que observamos muito de perto", acrescentou. "Essa relação crescente é uma preocupação militar para mim."
Os drones se tornaram um ponto focal da estratégia militar para a Rússia e o Irã, que estão sob pesadas sanções ocidentais.
Ameaça 'duradoura' do Estado Islâmico
Drones projetados pelo Irã têm sido amplamente usados pelos rebeldes huthis apoiados por Teerã, inclusive em ataques transfronteiriços contra a Arábia Saudita, um aliado dos EUA.
Teerã revelou no mês passado seu drone de ataque "Mohajer-10", e o presidente russo, Vladimir Putin, deu ao líder norte-coreano, Kim Jong Un, um presente de drones quando visitou Moscou na semana passada.
O Irã diz que enviou "conselheiros" militares para apoiar o exército sírio durante o conflito, que já matou mais de 500.000 pessoas e deslocou milhões.
A guerra na Síria começou depois que o governo reprimiu protestos pacíficos em 2011 e se transformou em um conflito mortal que atraiu jihadistas e potências estrangeiras.
Alguns grupos afiliados a Teerã, com destaque para o grupo terrorista xiita libanês Hezbollah, lutaram ao lado das forças do governo sírio.
O grupo terrorista Estado Islâmico, cujo autodeclarado califado já controlou partes do território sírio antes de ser derrotado em 2019, agora foi "reprimido", disse Grynkewich.
Mas ele observou que "algumas áreas de ameaça e risco duradouros" permanecem na Síria e no vizinho Iraque.
"O que me preocupa são lugares onde eles têm liberdade de manobra", disse Grynkewich sobre remanescentes do grupo jihadista.
"Seria muito construtivo para a Rússia e o regime sírio se concentrarem nessa ameaça para que ela não volte a crescer."
O comandante dos EUA também garantiu aos aliados do Golfo Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos que Washington está comprometido com sua segurança, apesar da falta de um tratado formal - que, no caso de Riad, pode estar em negociação, de acordo com uma reportagem esta semana do New York Times.
"Não vamos a lugar nenhum", disse Grynkewich.
"Mesmo sem um pacto assinado, posso apenas dizer que temos um compromisso firme com a segurança aqui na região."