Em 2020, o ministro e general disparou mensagens com ameaças golpistas ao mesmo tribunal a que recorreu agora para tentar escapar da CPMI
Por Robson Bonin | Veja
Em 2020, quando o STF examinava um pedido de apreensão do celular de Jair Bolsonaro — feito por parlamentares que desejavam apurar interferências do então presidente na Polícia Federal –, Augusto Heleno usou as redes sociais para divulgar uma “Nota à Nação Brasileira”.
O então ministro do GSI fazia ameaças golpistas ao STF no texto. Dizia que uma eventual decisão do Supremo, mandando buscar o celular do presidente, teria “consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional”.
É esse mesmo personagem, agora sem poder nem brilho de autoridade, que sentará na cadeira elétrica da CPMI do Congresso que investiga os atos golpistas de 8 de janeiro.
Com receio de se complicar na Justiça, Heleno, que ironia, foi bater no STF que ele mesmo ameaçou lá atrás. Pediu uma autorização para poder fugir de perguntas dos parlamentares e até mesmo faltar ao depoimento na CPMI.
Relembre a ameaça golpista de Heleno ao STF:
“O pedido de apreensão do celular do presidente da República é inconcebível e, até certo ponto, inacreditável.
Caso se efetivasse, seria uma afronta à autoridade máxima do Poder Executivo e uma interferência inadmissível de outro Poder na privacidade do Presidente da República e na segurança institucional do País.
O Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República alerta as autoridades constituídas que tal atitude é uma evidente tentativa de comprometer a harmonia entre os poderes e poderá ter consequências imprevisíveis para a estabilidade nacional.”