Sete dos oito almirantes do Comando da Marinha estavam no posto no fim do governo Bolsonaro; Cid delatou articulação golpista de comandante
Guilherme Amado e Eduardo Barretto | Metrópoles
Sete dos oito almirantes do Comando da Marinha já estavam no posto no fim do governo Bolsonaro, quando, segundo a delação do tenente-coronel Mauro Cid, o então chefe da Força concordou com um plano golpista após as eleições. Nesta quinta-feira (21/9), o ministro da Defesa, José Múcio, alegou que a revelação de Cid “não mexe com ninguém que está na ativa”, mas, até agora, o ex-comandante Almir Garnier não respondeu se, ao sinalizar o apoio a Bolsonaro, tinha o respaldo do restante do Almirantado, que incluía o atual comandante da Marinha.
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Cid afirmou em delação à Polícia Federal que, após ser derrotado nas urnas, Bolsonaro recebeu do assessor Filipe Martins uma minuta de um decreto golpista. Ainda de acordo com Cid, o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, concordou com o plano ilegal nos bastidores. O conteúdo do depoimento de Cid foi revelado nesta quinta-feira (21/9) pelos jornalistas Aguirre Talento e Bela Megale.
Múcio tentou distanciar a cúpula da Força dessa suspeita: “Essas coisas que saíram hoje são em relação ao governo passado, comandantes passados, não mexe com ninguém que está na ativa”, afirmou. Contudo, cerca de 90% da cúpula da Marinha segue a mesma e, portanto, permanece na ativa.
O único almirante promovido por Lula foi Eduardo Machado Vazquez, que é secretário-geral da Marinha. A nomeação foi publicada em abril. Na época, Vazquez foi descrito em reportagens como um militar bolsonarista.
No fim do ano passado, o Comando da Marinha era formado por Garnier, o então comandante; Marcos Sampaio Olsen, o atual comandante; José Augusto Vieira da Cunha de Menezes; Petronio Augusto Siqueira de Aguiar; Wladmilson Borges de Aguiar; Cláudio Henrique Mello de Almeida; Arthur Fernando Bettega Corrêa; e Carlos Chagas Vianna Braga.
Procurada, a Marinha não respondeu. O espaço está aberto a eventuais manifestações.
Em nota, a Marinha afirmou que não teve acesso à delação de Cid, e que “reafirma que pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência”. “A Marinha reitera, ainda, que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força e que permanece à disposição da Justiça para contribuir integralmente com as investigações”.