A administração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aprovou ajuda militar direta a Taiwan pela primeira vez como parte de um pacote de assistência a governos estrangeiros, anunciaram autoridades na quarta-feira (30). Nesta quinta-feira, a China reagiu advertindo sobre consequências para a "segurança" da ilha.
RFI
O Departamento de Estado americano informou o Congresso, na terça-feira (29), da concessão de uma verba de US$ 80 milhões (73 milhões de euros), modesta em comparação com as recentes vendas de armas a Taiwan, mas que é a primeira no âmbito do Programa de Financiamento Militar Ultramarino. O anúncio irritou Pequim.
Em foto ilustrativa, soldado taiwanês segura a bandeira do país durante exercícios militares de defesa em 26 de julho de 2023. AP - ChiangYing-ying |
"A ajuda e as vendas militares dos EUA a Taiwan apenas alimentam o complexo militar industrial dos EUA, ao mesmo tempo que prejudicam a segurança e o bem-estar dos compatriotas de Taiwan”, disse Wu Qian, porta-voz do Ministério da Defesa da China.
Mesmo Washington reconhecendo a soberania da China sobre Taipei desde 1972, o Congresso americano exigiu, ao mesmo tempo, o fornecimento de armas à ilha democrática autônoma, com o objetivo declarado de dissuadir Pequim de qualquer desejo expansionista. Sucessivas administrações dos EUA fizeram isso por meio de vendas, mas nunca com uma ajuda direta a Taiwan. O Departamento de Estado do país disse que esta primeira ajuda concedida no âmbito do programa não implica qualquer reconhecimento da soberania de Taiwan.
"Consistente com a Lei de Relações com Taiwan e com a nossa política de longa data de Uma Só China, que não mudou, os Estados Unidos estão disponibilizando a Taiwan itens (de armamentos), serviços de defesa necessários para permitir-lhe manter uma capacidade de autodefesa suficiente", disse um porta-voz do Departamento de Estado.
“Os Estados Unidos têm um interesse contínuo em (manter) a paz e a estabilidade no Estreito de Taiwan, o que é essencial para a segurança e prosperidade regional e global”, disse ele.
O Ministério da Defesa de Taiwan agradeceu o apoio. “Esta ajuda contribuirá para a paz e estabilidade regional”, garantiu o órgão num breve comunicado de imprensa.
“Garantir a nossa segurança nacional"
O Departamento de Estado não anunciou oficialmente a ajuda nem forneceu detalhes. No entanto, uma fonte indicou que o que se pretende com esta ajuda é ter um melhor conhecimento do espaço marítimo.
A entrega de armas deve agora ser aprovada pelo Congresso, o que não significa que tanto os Democratas como os Republicanos apoiem Taiwan. O deputado Mike McCaul, presidente republicano do Comitê de Relações Exteriores da Câmara e crítico da política externa de Biden, saudou a medida.
“Estas armas não só ajudarão Taiwan e protegerão outras democracias da região, mas também fortalecerão a postura de dissuasão dos Estados Unidos e garantirão a nossa segurança nacional face a um PCC cada vez mais agressivo”, afirmou, em referência ao Partido Comunista Chinês.
Nos últimos meses, Pequim e Washington renovaram o diálogo com uma sucessão de visitas de altos funcionários americanos à capital chinesa, incluindo o chefe da diplomacia, Antony Blinken. Mas Taiwan continua a ser um obstáculo, com as autoridades chinesas aumentando as advertências e considerando os Estados Unidos interessados na independência formal da ilha. Em pouco mais de um ano, Pequim realizou três grandes exercícios militares em resposta a visitas de líderes taiwaneses ou americanos.
O presidente chinês, Xi Jinping, está se afastando da manutenção do status quo da ilha, segundo altos funcionários dos EUA. Os especialistas americanos, no entanto, se interrogam até que ponto as recentes dificuldades econômicas vividas pela China e a invasão da Ucrânia pela Rússia poderão levar Pequim a desistir.
Esta é a segunda vez em vários meses que a administração Joe Biden inova no apoio a Taiwan. Em julho, o presidente americano aprovou ajuda militar a Taiwan no valor de US$ 345 milhões retirados de armamentos ou “anti-blindagem e defesa antiaérea”, um exemplo do que foi feito com a Ucrânia desde o início da guerra, em fevereiro de 2022. Israel é o maior beneficiário de financiamento militar estrangeiro dos EUA, com mais de US$ 3 trilhões de dólares por ano.
(Com informações da AFP)