O general Carlos Alberto Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de Governo, avaliou hoje ao UOL Entrevista que é "muito difícil" que o ex-ajudante de ordens Mauro Cid tenha agido sem anuência do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Do UOL, em São Paulo
O que ele disse?
"É muito difícil um subordinado tomar determinadas iniciativas sem conhecimento ou sensação de que está sendo aprovado pelo chefe". "Ele não tem essa liberdade para tomar essas medidas, como estamos assistindo".
Para ele, Cid pode ter perdido "noção de limite". "Estamos assistindo a esse fenômeno de pessoas com formação muito boa perderem essa noção de limite", disse. "Não tem justificativa para cumprir ordem ilegal, se o fez, a responsabilidade é individual. Nunca nenhuma instituição ensinou que é para cumprir ordens ou fazer coisas ilegais."
General disse que alguns militares foram pegos por "feitiço político". "O militar é um eleitor, um cidadão, tem suas preferências, nunca ninguém me disse em quem votar", declarou. "Esse efeito de fanatismo que pegou no Brasil pega civis e militares, é um feitiço político que deformou nossa sociedade".
Santos Cruz disse que governo Bolsonaro tinha "comportamento quase de seita". "No início do governo, quando estava lá, por isso me desincompatibilizei, tinha um comportamento de seita, de gangue digital, bandidos da internet", disse ele, que foi ministro do ex-presidente de janeiro a junho de 2019. "Tinha até um guru. Não vou falar nada porque a pessoa já faleceu, e espero que esteja em bom ambiente celestial. Isso continua com uma pequena parcela, seja civil ou militar".
Cid teria vendido joias presenteadas ao governo brasileiro e entregado dinheiro a Bolsonaro
Na sexta passada, a PF deflagrou operação que investiga o desvio de joias presenteadas à União. Segundo a instituição, ajudantes de Bolsonaro revendiam joias e bens recebidos pela Presidência da República.
Advogado do ex-ajudante de ordens disse que seu cliente teria repassado o pagamento em espécie para dificultar o rastreamento. A declaração foi feita em entrevista à revista Veja. O defensor, Cezar Bittencourt, disse ainda que seu cliente vai confessar que fez isso a mando de Bolsonaro.