O governo prepara uma mudança da legislação para limitar a atividade política de militares
Por Míriam Leitão | O Globo
Conversei com fontes militares que me disseram que as Forças Armadas acham uma boa ideia não permitir que o militar que se desvinculou para se candidatar volte para o serviço ativo. Seja se cumpriu mandato e voltou, ou se fez campanha e perdeu. Esse fechamento da porta giratória é do interesse dos militares, que querem a despolitização.
Maioria dos entrevistados pelo Datafolha aprovam a participação das Forças Armadas no processo eleitoral — Foto: Marcelo Régua / Agência O Globo |
Uma fonte do governo me contou que há alguns caminhos para esta medida possa ser feita. A mudança pode ser enviada ao Senado, mas há também uma proposta correlata da deputada Perpétua Almeida que poderia ser apensada.
O que já está definido é que haverá essa proposta de não permitir que militares voltem ao quartel após período na política.
Isso é muito importante até por tudo que tem acontecido nos últimos tempos, de uma politização das Forças Armadas que chegou ao máximo durante o governo Bolsonaro. A preocupação é fazer essa espécie de cordão sanitário pra que as Forças Armadas não se envolvam na política.
Não é nenhuma garantia de despolitização, mas ajuda, porque quem foi fazer uma campanha ou exercer o mandato volta com suas ideias, as propostas do partido pelo qual militou ou foi candidato, e isso vai contaminando as Forças Armadas com uma conversa muito politizada.
Os militares vivem hoje uma “confusão”, como classificou a minha fonte, em que estão sendo atacados pela esquerda e pela direita. Pela esquerda porque acha que participaram do golpe. Pela direita porque não deram um golpe.