Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid negociou relógios e joias de luxo presenteadas ao governo brasileiro em viagens oficiais
Mariah Aquino | Metrópoles
O ex-ajudante de ordens Mauro Cesar Barbosa Cid, que trabalhou para o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), percorreu parte dos Estados Unidos na tentativa de vender relógios e joias recebidos pelo antigo mandatário.
Vinícius Schmidt/Metrópoles |
A investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) mostra que Cid acompanhou Bolsonaro em uma viagem para os EUA mas, ao invés de voltar ao Brasil com a comitiva presidencial, foi para Miami. Seu pai, o general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, morava na cidade à época.
O ex-ajudante de ordens então viajou até a Pensilvânia e deixou dois relógios de luxo à venda em um shopping. O caminho percorrido por Cid foi revelado pelo Fantástico neste domingo (13/8).
Os relógios deixados por Cid na Pensilvânia foram um Patek Philippe, que pode ter sido entregue a Bolsonaro em uma viagem ao Bahrein, e um Rolex, que fazia parte do chamado “kit ouro branco” ganhado pelo ex-presidente na Arábia Saudita em 2019.
Depois da venda, o general Lourena Cid recebeu depósito de US$ 68 mil, o equivalente à transação.
De volta à Miami, Mauro Cid tentou vender os outros itens do kit ouro branco em uma rua no centro da cidade, onde existem diferentes lojas de compra e venda de joias. O local conta com um shopping com forte esquema de segurança, devido a alta presença de lojas do gênero.
De acordo com a investigação, foi lá que Cid vendeu o anel, as abotoaduras e o rosário islâmico que faziam parte do kit. Por fim, o kit ouro rosé foi recebido pelo ex-ministro de Minas e Energia Bento Albuquerque na Arábia Saudita em outubro de 2021 e entrou no país sem ser declarado à Receita Federal.
Os itens saíram do Brasil na comitiva presidencial que levou Bolsonaro aos EUA em dezembro de 2022, às vésperas da posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O kit ouro rosé apareceu no site de leilões da loja Fortuna Action, de Nova York, em 8 de fevereiro. As joias não foram arrematadas e permaneceram com a empresa até, ao menos, o dia 28 de fevereiro.
Na mesma semana, começaram a repercutir na imprensa as primeiras denúncias sobre o destino de presentes recebidos pelo governo Bolsonaro. Foi então que assessores do ex-presidente começaram uma verdadeira operação de resgate dos itens.
Não há indícios de que o relógio Patek Philippe tenha sido recuperado. Os outros presentes retornaram ao país, de acordo com a PF.
Ação
Na última sexta-feira (11/8), a PF deflagrou uma operação que investiga um esquema de venda de joias e presentes, dados a Bolsonaro por delegações internacionais, que estavam sendo desviados e vendidos nos Estados Unidos.
A PF cumpriu quatro mandados de busca e apreensão contra os suspeitos de envolvimento com o esquema. Foram alvos o ex-ajudantes de ordem, tenente-coronel Mauro Cid; o pai dele, general Lourena Cid; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente Osmar Crivelatti; e o advogado Frederick Wassef.
A polícia pediu a quebra dos sigilos do ex-presidente e de sua esposa, Michelle Bolsonaro.
Em nota enviada à imprensa após a ação policial, a defesa de Bolsonaro disse que ele jamais se apropriou de bens públicos.