A Justiça dinamarquesa iniciou nesta quinta-feira (24) um processo contra os serviços de Inteligência do país, colocados no banco dos réus por uma pessoa condenada por jihadismo na Espanha e que diz ter sido seu informante.
France Presse
"A questão é saber se os serviços de Inteligência devem ser obrigados a reconhecer esta cooperação", disse Erbil Kata, advogado do denunciante Ahmed Samsam, em uma sala do Tribunal de Apelação do Leste.
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Os serviços de Inteligência disseram não poder confirmar, nem refutar, a identidade de seus informantes.
"É uma questão de segurança nacional", alegou seu advogado, Peter Biering.
Em suas viagens à Síria em 2013 e 2014, Samsam – de 34 anos e condenado na Espanha por pertencer ao grupo Estado Islâmico – disse que nunca se juntou ao EI, mas que trabalhava para os serviços secretos (PET) e para a Inteligência militar (FE) dinamarqueses, informando sobre combatentes jihadistas estrangeiros.
Ele não conseguiu demonstrar essas afirmações na Justiça espanhola, que o condenou há quase seis anos, mas várias investigações dos meios de comunicação dinamarqueses corroboram as palavras deste dinamarquês de origem síria.
O advogado de Samsam espera que este julgamento permita ao seu cliente "contar tudo", depois de mais de sete anos de novela judicial.
Em 2017, ameaçado em Copenhague por um problema de acerto de contas independente de suas viagens à Síria, Samsam fugiu para Espanha, onde foi preso depois de a polícia ter visto fotografias dele no Facebook, segurando a bandeira do EI.
Condenado a oito anos de prisão por pertencer à organização jihadista, as autoridades dinamarquesas ignoraram seus apelos.
Sua pena foi, posteriormente, reduzida para seis anos e, desde 2020, cumpre-a na Dinamarca. Deve ser libertado em "dois ou três meses", segundo seu advogado.
Já os serviços de Inteligência dinamarqueses consideram que "não houve erro judicial", insistiu seu advogado, Peter Biering.
"O Supremo Tribunal (espanhol) declarou, explicitamente, que, embora tivesse trabalhado para a Inteligência dinamarquesa (…) tinha elementos suficientes, provas suficientes, sem levar esse ponto em consideração, para condená-lo", acrescentou.
Para o advogado de Samsam, reconhecer que seu cliente era informante poderá permitir a revisão do caso na Espanha.
O julgamento deve terminar em 8 de setembro.