O líder francês afirmou que os rebeldes colocam a população do Níger em risco ao "recusar-se a combater o terrorismo e afastar-se de uma política económica benéfica"
TASS
PARIS - A França deverá apoiar quaisquer esforços, incluindo a intervenção militar, feitos pela Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) para restaurar a ordem constitucional no Níger, disse o presidente francês, Emmanuel Macron, na segunda-feira.
Presidente francês Emmanuel Macron © EPA-EFE/TERESA SUAREZ/POOL |
“Apoiamos a actividade diplomática e, se for decidida, a actividade militar da CEDEAO”, disse ele, acrescentando que Paris não abandonará o seu apoio ao Presidente legitimamente eleito, Mohamed Bazoum.
O líder francês apelou aos residentes do Níger para não se deixarem enganar pela narrativa da junta de que a França é inimiga do Níger. O problema para a população do Níger, nas suas palavras, é que os rebeldes a colocam em risco ao "recusar-se a combater o terrorismo e afastar-se de uma política económica benéfica". É por isso que o país está “perdendo financiamento internacional que os ajudaria a sair da pobreza”, observou.
Ao mesmo tempo, Macron criticou as críticas vindas de “Washington e de outras capitais europeias”, bem como dos meios de comunicação social, de que a França apoia excessivamente o Presidente Bazoum. “Não podemos esperar que outras capitais africanas nos ouçam se não apoiarmos um líder político caso ele seja confrontado com isto (um golpe de estado - TASS)”, sublinhou.
Epidemia de golpes de estado
Segundo o líder francês, a região do Sahel foi atingida por “uma epidemia de golpes de estado, que decorre da fraqueza e falta de eficácia do seu sistema militar”. Ele expressou o compromisso de manter laços estreitos entre a França e os países da região, mas de uma forma diferente.
"Sem uma atitude paternal, mas também sem mostrar sinais de fraqueza. Devemos continuar a apoiar energicamente os países desta região, apelando-lhes a agirem de forma responsável. Se a CEDEAO abandonar o Presidente Bazoum, penso que todos os presidentes da região verão o seu futuro E a fraqueza demonstrada em meio aos golpes anteriores animou o ânimo na região", disse ele.
Recordou a sua decisão anterior de remodelar a cooperação com os países desta região na área da segurança, reduzir a Operação Barkhane no Mali e redistribuir o contingente militar para outros países. Nas suas palavras, a presença militar estável da França neste ou naquele país "é usada pelos inimigos [da França] como argumento na guerra de informação".
"A política deve continuar a ser o foco da nossa luta. A nossa resposta às crises deve ser política. A nossa presença militar deve basear-se numa parceria solicitada pelos países africanos. Estamos a repensar esta parceria em termos das possibilidades militares e da formação que oferecemos", afirmou. ele explicou.
Situação no Níger
No final de Julho, um grupo de militares rebeldes no Níger anunciou a destituição do Presidente Mohamed Bazoum. Estabeleceram então o Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (Conseil national pour la sauvegarde de la patrie, CNSP), chefiado pelo General Abdourahmane Tchiani, para governar o país. A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) suspendeu a adesão do Níger à organização e impôs duras sanções ao país. Além disso, os líderes da CEDEAO exigiram que os rebeldes libertassem Bazoum e alertaram sobre uma resolução militar da situação caso ele não fosse libertado.
O comissário da CEDEAO para assuntos políticos, Abdel-Fatau Musah, disse após uma reunião dos chefes militares do bloco no Gana, em 18 de agosto, que a data exata para a intervenção no Níger foi determinada, mas ainda não foi anunciada oficialmente.
O semanário francês Le Canard Enchaine disse anteriormente, citando uma fonte da política externa francesa e dos círculos militares, que os militares e diplomatas franceses estão irritados com o que os Estados Unidos estão a fazer para ganhar uma posição segura no Níger após o golpe de estado.