O Exército Brasileiro, depois de insistentes solicitações da imprensa brasileira, colocou a disposição da sociedade o Almanaque do Pacificador. Embora o sistema não exiba a lista com as motivações para a entrega das condecorações, não deixando claro quais foram os bons serviços prestados pelos agraciados com a pomposa premiação.
Robson Augusto | Revista Sociedade Militar
Há solicitações de vários jornalistas sobre quais foram os bons serviços prestados dignos de condecoração, mas as Forças Armadas impõem dificuldades para a liberação dos documentos.
Em um momento considerado importante para os oficiais generais, durante o início de 2019, quando começada a tramitação do projeto de lei que reestruturou completamente as remunerações dos militares e concedeu o último reajuste – apontado como elitista – porque os maiores percentuais foram concedidos para aqueles que ocupam os maiores postos, a cúpula do Exército Brasileiro elegeu como “credores” de homenagem, por “serviços a ele prestados”, justamente os dois parlamentares que se tornariam os mais importantes para a aprovação do projeto de lei 1645 de 2019, que tratava da chamada reestruturação das carreiras das Forças Armadas.
José Priante (MDB) era o presidente da Comissão que conduziria os trâmites do projeto e Vinícius de Carvalho (REPUBLICANOS) era o relator. O projeto foi aprovado debaixo de grande polêmica, com sargentos acusando abertamente generais de aproveitar um governo de direita para emplacar percentuais mais altos para as próprias remunerações, deixando sargentos, cabos e pensionistas com um aumento nos descontos para pensão militar. Até hoje o projeto tem sido judicializado e no momento uma ADI que contesta o mesmo tramita no STF.
Durante a tramitação do projeto de lei o deputado relator, Vinícius de Carvalho, em um momento de distração admitiu que teria sido escolhido pelos generais para aprovar o projeto. Depois desmentiu, mas a fala ficou registrada.
Além de “coincidências” como a narrada acima, percebe-se que na listagem dos condecorados com a medalha do pacificador figuram mais de 250 deputados e outras centenas de senadores e desembargadores.
Pelo que tudo indica, depois dos próprios militares quem presta mais serviços relevantes, dignos de homenagem para as Forças Armadas Brasileiras são políticos e desembargadores.
Alguns nomes encontrados entre os homenageados com condecorações e títulos nobiliárquicos como cavaleiro e comendador são conhecidos por figurar em artigos de jornal e sites sobre cassações e crime cometidos, como o do político Marcelo Bezerra Crivella, que teve mandato cassado no Rio de Janeiro e responda a vários processo na justiça. Crivella foi condecorado com a medalha do Pacificador e seu nome ainda consta no Almanaque da Instituição.
Outro nome que o Exército mantém em seus almanaques, este com o grau de comendador da Ordem do Mérito Militar é o do ex-deputado Roberto Jefferson atualmente preso. Ao lado de Roberto Jefferson, também com o grau de comendador e na mesma ordem, está Valdemar Costa Neto, condenado a 7 anos no processo do mensalão e que abdicou em 2013 para não ter o mandato cassado.