Com a morte de Bonomade Machude, líder dos terroristas em Cabo Delgado, os residentes da região esperam que a paz seja definitivamente restabelecida e apelam ao não relaxamento das Forças de Defesa e Segurança (FDS).
Por Delfim Anacleto | Deutsch Welle
Albertina Lágima, residente na província nortenha de Moçambique, lembra com tristeza os males causados pelo terrorismo na província. Diz que muitas famílias ficaram destruídas em consequência das ações dos homens e mulheres dirigidos por Bonomade Machude.
Miangalewa, em Muidumbe © Delfim Anacleto/DW |
"Foram momentos muito tristes, que destruíram muitas famílias e muitas almas”, lamenta.
Na passada sexta-feira (25.08), as autoridades moçambicanas anunciaram a morte em combate de Bonomade Machude, tido como o principal coordenador dos ataques terroristas, que desde 2017 assolam Cabo Delgado e que também chegaram a ramificar-se para Nampula e Niassa.
Albertina Lágima e muitos outros residentes desta região consideram que a morte do líder terrorista pode ser ‘meio caminho andado' para o fim da instabilidade.
"Vamos orar para que tudo venha a mudar. Se isso aconteceu, talvez vá mudar alguma coisa. O que queremos é paz, união e que todo o sofrimento causado por terroristas não venha a acontecer mais.”
O cidadão Justino Fausto também não tem dúvidas que este era um passo necessário para fragilizar os rebeldes.
"O que se rogava era que o abatessem [Bonomade Machude]. Com a morte dele, creio que a paz já está em Cabo Delgado e veio para ficar", afirma esperançoso.
Manter a vigilância
Os residentes também pedem às Forças de Defesa e Segurança (FDS) e aos seus aliados militares internacionais que não relaxem na vigilância e perseguição aos terroristas para impedir que se recomponham.
"Eu tenho a certeza de que uma mangueira quando nasce tem ramificações. Como a raiz foi arrancada, temos de procurar os ramos agora”, diz a residente Maria de Fátima.
No último sábado (26.08), o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, anunciou na província de Gaza, sul de Moçambique, que desde o início do extremismo violento, pelo menos 30 líderes terroristas foram postos fora de combate.
"Desde que iniciamos, daqueles terroristas conhecidos como líderes, as forças de Defesa e Segurança já abateram 30. Desses 30, 10 são tanzanianos e 15 moçambicanos. As operações continuam, estamos a cumprir as ordens do comandante Chefe: perseguir a liderança para enfraquecer o inimigo", explica Bernardino Rafael.
Essumaila Ussene, também residente de Cabo Delgado, entende que se deve investir mais na investigação das fontes de logística dos rebeldes que mantêm ações na provínica.
"Os que estão a fazer essa operação (Golpe Duro 2) já estão a eliminar aqueles que são os promotores desta causa, mas para aprofundar esses resultados devia haver investigação. Nem sempre os que estão no terreno são ‘os cabeças'. Porque está a ser financiado por alguém. Se alguém está a financiar, tem que se descobrir quem é essa pessoa, que Governo é esse ou que instituição".