Marinha vai jogar bombas em arquipélago brasileiro com espécies de animais únicas no mundo

A Marinha Brasileira anunciou que irá fazer um exercício de bombardeio no Arquipélago dos Albatrozes, no litoral de São Paulo.

Hypeness

O local, que abriga espécies de animais únicas no mundo, é utilizado pelas forças armadas brasileiras como local de exercícios militares com relativa frequência.

Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes © June Ferraz Dias / Wikimedia Commons

Militares adiaram bombardeio, mas ainda planejam jogar bombas na ‘Galápagos do Brasil’

‘Galápos do Brasil’

Desabitado, o Arquipélago dos Albatrozes está localizado a cerca de 35 quilômetros de São Sebastião, no litoral norte de SP.

O local é considerado por muitos como a ‘Galápagos do Brasil’ por conta de sua extensa biodiversidade e por espécies endêmicas, ou seja, que só existem na natureza naquele arquipélago.

Ele começou a ser utilizado como espaço de treinamento para exercícios militares durante a Ditadura Militar, mas seu uso foi banido em 2013, sob gestão da presidente Dilma Rousseff (PT). A prática foi reautorizada no ano passado, durante a gestão do presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ICMBio pediu para que o exercício fosse suspenso. A Marinha anunciou publicamente que irá adiar o treinamento, mas não deu uma nova data para a realização do bombardeio.

“Conforme exposto na Informação Técnica no 13/2021-CEMAVE/DIBIO/ICMBio, a realização de exercícios de tiro na época reprodutiva das aves pode comprometer em até 75% o sucesso reprodutivo da temporada, e recomenda o aprofundamento do conhecimento da fenologia das fragatas (Fregata magnificens), bem como de outras espécies que nidificam no Arquipélago, visando a definição dos períodos mais adequados para realização de treinamentos militares. Enquanto não houver resultados desses estudo, orientamos que o exercício seja realizado na data acordada previamente com a Marinha, justamente para evitar a sobreposição da atividade com a principal época reprodutiva das aves”, apontou o presidente do ICMBio, Marcos Simanovic, em ofício enviado à Marinha logo após o agendamento do exercício militar obtido pela publicação O Eco.

“Ressaltamos que a conservação dos ninhais é um dos principais objetivos do Refúgio de Vida Silvestre do Arquipélago de Alcatrazes”, completa o documento.

“A sociedade civil do litoral norte precisa se manter unida e atenta, para que a gente consiga não só essa, mas uma vitória definitiva que é eliminar qualquer tipo de exercício de tiro em Alcatrazes”, declarou o vereador Fernando Puga (PT) em vídeo publicado em suas redes sociais.