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As negociações sobre a proposta apresentada na semana passada pela Comissão Europeia foram tudo menos fáceis, só possíveis graças a uma longa lista de isenções - como a "situação geográfica ou física" dos países - e derrogações para alguns Estados-membros.
O objetivo é poupar gás, para que os 27 possam estar a postos para o caso de uma rutura total do fornecimento pela Rússia.
Bruxelas propôs o esforço para se acumular 45 mil milhões de metros cúbicos de gás, mas o sucesso da iniciativa dependerá, em grande parte, do rigor do inverno.
A comissária europeia da Energia, Kadri Simson, mostrou-se, no entanto, otimista: "os nossos cálculos iniciais indicam que mesmo que fossem usadas todos as isenções conseguiríamos atingir uma redução da procura que nos poderia ajudar a atravessar com segurança um inverno médio."
Pelo menos 12 Estados-membros rejeitaram a proposta inicialmente apresentada por Bruxelas.
Os pedidos de ajuste foram ouvidos, respondendo à contestação de países como Portugal ou Espanha.
"A presidência da União Europeia esteve a trabalhar, a ouvir todos os governos, para concluir que as realidades nacionais são diferentes, que os contributos podem ser diferentes e que as limitações também podem ser diferentes. De pouco serve que uma ilha poupe 15% no consumo de gás se não pode transferir esse recurso para os países do centro da Europa. Seria uma medida desproporcional que não tem qualquer sentido", sublinhou a ministra da Transição Ecológica de Espanha, Teresa Ribera.
O acordo político assenta na base da solidariedade com países como a Alemanha, altamente dependentes da energia russa.
Ainda esta segunda-feira, a gigante russa Gazprom anunciou um novo corte no fornecimento de gás para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1, que liga a Rússia à Alemanha.
Os especialistas elogiam o acordo, o primeiro a nível da UE, uma vez que até agora as decisões sobre energia era uma competência nacional.
"O mais importante é que respeitemos os mercados e continuemos a permitir que o gás flua por toda a Europa e que, como 27 Estados-membros, mais países vizinhos da UE, trabalhemos juntos. Ao fazê-lo, usando todos os recursos que temos disponíveis do lado da oferta, do lado da procura, é a única maneira eficaz de combater o uso do gás como arma de guerra por parte de Vladimir Putin e sobreviver ao próximo inverno", sublinhou, em entrevista à Euronews, Ben McWilliams, investigador do think tank Bruegel.
Os 27 também concordaram com um mecanismo para acionar um “alerta da União”, tornando obrigatória a meta de 15% caso a Rússia feche mesmo a torneira do gás.
O Conselho da UE decidiu que não cabe à Comissão Europeia, mas aos Estados-membros, decidir quando é que pode ser ativado.