RFI
Os serviços de resgate ainda trabalham no local, onde a queda do míssil provocou um incêndio e muitas pessoas ficaram presas aos escombros do edifício que desabou.
Um hotel destruído por um bombardeio russo em Serhiïvka, perto de Odessa, em 1º de julho de 2022. © Press service of the State Emergency Service of Ukraine/Handout via REUTERS |
De acordo com Kiev, o disparo foi feito por um avião a partir do Mar Negro e ocorre após o Exército ucraniano recuperar dos russos a Ilha das Cobras, uma posição estratégica para o controle de rotas marítimas. O local havia sido tomado pelas tropas de Moscou nas primeiras horas de sua ofensiva e a saída dos invasores é considerada uma vitória altamente simbólica para Kiev. Moscou alega, no entanto, retirar suas tropas "como um sinal de boa vontade" e de que seus objetivos foram "alcançados", além de facilitar a exportação de grãos ucranianos através do Mar Negro.
A versão dos militares ucranianos é radicalmente diferente: os russos abandonaram a Ilha das Serpentes porque perceberam ser "incapazes de resistir ao fogo de nossa artilharia, nossos mísseis e nossos ataques aéreos". "A Ilha das Serpentes é um ponto estratégico e isso muda consideravelmente a situação no Mar Negro. Isso ainda não garante que o inimigo não volte. Mas já limita consideravelmente a ação dos ocupantes", analisou o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Outro míssil disparado pelo mesmo avião atingiu um complexo hoteleiro, informou o porta-voz da administração da região de Odessa, Sergey Brachuk, especificando que pelo menos três pessoas, incluindo uma criança, morreram. Outra pessoa ficou ferida. As agências de notícias não conseguiram confirmar de forma independente os relatos.
Otan garante “apoio inabalável”
Os ataques ocorrem após a Otan ter prometido dar apoio inabalável à Ucrânia, no encerramento de uma cúpula que reuniu líderes ocidentais em Madri, na Espanha, nesta quinta-feira. “Vamos apoiar a Ucrânia e toda a Aliança ficará ao lado da Ucrânia o tempo que for necessário para garantir que seja derrotada pela Rússia”, disse Joe Biden. "Não sei como nem quando isso vai acabar", acrescentou o presidente americano, afirmando, no entanto: "Não vai acabar com uma derrota para a Ucrânia".
Vários Estados-Membros da Otan anunciaram uma nova ajuda militar à Ucrânia: o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu um acréscimo de um bilhão de libras (€1,16 bilhão), Joe Biden em mais US$ 800 milhões. O presidente francês, Emmanuel Macron, planeja a revisão do programa militar da França, sublinhando que “devemos entrar num período de guerra e saber produzir certos tipos de equipamentos”.
Moscou respondeu: "A cortina de ferro, de fato, já está caindo", disse o ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, retomando essa imagem nascida com a Guerra Fria e que rapidamente caiu em desuso, após a queda do Muro de Berlim, em 1989. A fala é uma reação ao documento estratégico que a Aliança Atlântica adotou e que agora designa a Rússia como sendo "a ameaça mais significativa e direta à segurança dos aliados". E isso, ao mesmo tempo em que denuncia as tentativas de Moscou e Pequim de unirem esforços para "desestabilizar a ordem internacional".
Donbass sob fogo
Kiev admite que a situação continua "extremamente difícil" em Lyssytchansk, cidade da zona industrial do Donbass, região leste da Ucrânia, onde se concentra a maior parte dos combates atualmente. Lyssytchansk é a última grande cidade que ainda não está nas mãos dos russos na região de Lugansk, uma das duas províncias que Moscou pretende controlar totalmente.
Em Kherson, no sul do país, helicópteros ucranianos atingiram "uma concentração de tropas inimigas e equipamentos militares" perto da cidade de Bilozerka, informou o Exército ucraniano, nesta sexta-feira. O ataque deixou 35 mortos entre os soldados russos e destruiu dois tanques e vários veículos blindados, segundo a mesma fonte.
(Com informações da AFP)