Sputnik
O político é o único brasileiro a figurar no rol do governo ucraniano.
A acusação foi publicada no site do chamado Centro de Combate à Desinformação no Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia.
A entidade foi criada pelo presidente Vladimir Zelensky no ano passado, em meio à escalada de tensões entre Rússia e Ucrânia que culminou na operação militar especial russa no país vizinho.
A ideia do centro é combater notícias supostamente manipuladas pelo Kremlin.
Além de Lula, há outras 77 pessoas na lista — 30 delas são dos Estados Unidos.
Segundo o governo ucraniano, o ex-presidente brasileiro figura ali porque disse que Zelensky é tão culpado quanto o presidente da Rússia, Vladimir Putin, pelo conflito.
A declaração foi dada durante uma entrevista à revista Time, em junho, de cuja edição Lula foi capa.
"Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo. Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no Parlamento britânico, no Parlamento alemão, no Parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação", disse o petista. "Às vezes fico vendo o presidente da Ucrânia na televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é tão responsável quanto o Putin", afirmou.
Outro motivo apontado é que Lula teria dito que a Rússia deveria "liderar uma nova ordem mundial".
No entanto, segundo o jornal Folha de S.Paulo, não há nenhum registro de que essa frase tenha sido dita pelo petista.
Trata-se da segunda intervenção de Zelensky no contexto das eleições brasileiras de 2022.
Na semana passada, em entrevista à TV Globo, o presidente ucraniano criticou a postura de neutralidade pregada por Bolsonaro e pediu que o Brasil adotasse sanções contra a Rússia.
O Brasil condenou o conflito ucraniano em resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), mas adotou postura diplomática neutra e não aderiu ao regime de restrições comerciais aos produtos russos.
A entrevista de Zelensky foi cedida dias depois de Bolsonaro informar que exportações de diesel russo estavam avançadas e que, com isso, o preço do combustível iria diminuir nas bombas dos postos.
A Rússia também manteve a exportação de fertilizantes para o Brasil, diferentemente do que ocorreu com outros países ocidentais que adotaram pesadas sanções contra o Kremlin.
Contudo a lista ucraniana poupa atuais chefes de Estado, como Bolsonaro e demais líderes europeus.
Dias antes do conflito, Bolsonaro esteve em Moscou e prestou solidariedade a Putin.
Outro nome famoso que figura na lista é o do jornalista norte-americano Glenn Greenwald, que vive no Brasil há cerca de 17 anos.
Ele criticou a inserção de seu nome e chamou a política de Kiev de "macarthista" — alusão à política de Washington que perseguiu artistas, jornalistas e outros intelectuais dos EUA que simpatizavam com o comunismo durante o período da Guerra Fria.