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Analistas avaliam que a Rússia pode estar aliviando temporariamente sua ofensiva na Ucrânia, enquanto tenta reunir forças para um novo ataque.
Pela primeira vez em 133 dias de guerra, forças russas não reivindicaram ganhos territoriais | Foto: Alexander Reka/ITAR-TASS/IMAGO |
Nesta quarta-feira (06/07), pela primeira vez em 133 dias de guerra, as forças russas não reivindicaram ou avaliaram ganhos territoriais na Ucrânia, informou o Instituto para o Estudo da Guerra. O think tank com sede em Washington sugeriu que Moscou pode estar fazendo uma "pausa operacional" que não implica "a cessação completa das hostilidades ativas".
"As forças russas provavelmente se limitarão a ações ofensivas de escala relativamente pequena enquanto tentam estabelecer condições para operações ofensivas mais significativas e reconstruir o poder de combate necessário para tentar empreendimentos mais ambiciosos", disse o instituto.
Uma declaração desta quinta-feira do Ministério da Defesa da Rússia corrobora essa hipótese. A pasta afirmou que as unidades militares russas envolvidas em combate na Ucrânia tiveram "tempo para descansar".
"As unidades que realizaram missões de combate durante a operação militar especial [como a Rússia chama a guerra na Ucrânia] estão tomando medidas para recuperar suas capacidades de combate. Os militares têm a oportunidade de descansar, receber cartas e encomendas de casa'', diz o comunicado, citado pela agência de notícias estatal russa Tass.
O Ministério da Defesa britânico também disse acreditar que os militares russos estão "reconstituindo" suas forças. Uma avaliação de inteligência da pasta divulgada nesta quinta-feira diz que o bombardeio pesado ao longo da linha de frente em Donetsk provavelmente visava garantir ganhos russos anteriores.
Bombardeios seguem
Enquanto isso, os bombardeios continuaram no leste da Ucrânia, onde pelo menos nove civis foram mortos e seis ficaram feridos nas últimas 24 horas, informaram autoridades ucranianas.
O gabinete presidencial da Ucrânia disse na manhã desta quinta-feira que cidades e vilarejos em sete regiões haviam sido bombardeados no dia anterior. A maioria das mortes de civis ocorreu na província de Donetsk, onde os combates seguem. Na região, sete civis foram mortos, incluindo uma criança. Além disso, dez cidades e vilarejos foram bombardeados em Donetsk e 35 prédios, destruídos, incluindo uma escola, uma escola profissionalizante e um hospital.
Donetsk faz parte do Donbass, principal alvo atual da Rússia e onde, no momento, se concentram os soldados mais experientes da Ucrânia.
Putin reivindicou na segunda-feira a vitória sobre Lugansk, a outra província que constitui o Donbass, depois que as forças ucranianas se retiraram da última cidade que controlavam. O governador de Lugansk, Serhiy Haidai, no entanto, negou na quarta-feira a captura completa da província pelos russos.
Em Kharkiv, a segunda maior cidade da Ucrânia, uma universidade foi atingida, mas ninguém ficou ferido. A região, que fica ao longo da fronteira com a Rússia, está sob bombardeio diário, e dois civis foram mortos nas últimas 24 horas.
Os militares ucranianos disseram na quinta-feira que forças russas também realizaram bombardeios e ataques na região de Sumy, no nordeste.
Enquanto os combates continuavam no leste, o Ministério das Relações Exteriores da Ucrânia disse que convocou o embaixador turco em Kiev para esclarecimentos sobre o que descreveu como o "roubo de grãos ucranianos por um navio russo".
O navio russo Zhibek Zholy foi autorizado a deixar a costa turca do Mar Negro depois que as autoridades da Turquia o detiveram brevemente a pedido da Ucrânia. Para Kiev, a situação é "inaceitável", e o embaixador deve prestar esclarecimentos nesta quinta-feira.