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O chefe de Estado falava aos funcionários da presidência na presença da primeira-ministra do país, Ana Brnabic. Vucic relatou sobre a sua participação na cúpula "UE – Balcãs Ocidentais", realizada na quinta-feira passada em Bruxelas (21).
"Uma parte da União Europeia está em guerra com a Rússia, em uma guerra direta. Como vocês esperam que alguém que enviou 12 grandes obuseiros, 30 tanques, S-300 e seis aviões [para a Ucrânia] pense de forma positiva sobre a Sérvia? Como esse país nos trata? Outra questão é que eles não querem ouvir nossos argumentos sobre 1999 [bombardeio da OTAN e guerra em Kosovo] e sobre integridade territorial, esta é uma questão resolvida para eles", disse o líder sérvio.
"Dezesseis chefes de Estado e de governo de forma direta ou implícita têm falado sobre a necessidade de a Sérvia estar alinhada com as medidas restritivas impostas à Rússia. Quem pensa que é fácil ouvir isto e suportar esta pressão - não é, mas é o nosso trabalho. Mas não devemos ir para o outro extremo e pensar que podemos facilmente encontrar um mercado substituto em algum outro lado, melhores parceiros do que na União Europeia e que podemos ter um rumo político diferente”, salientou.
De acordo com o presidente sérvio, "ninguém na Sérvia quer ouvir isso", mas na política deve dominar uma abordagem racional e pragmática. O político também lembrou que nas empresas estrangeiras que operam na Sérvia de forma direta trabalham por volta de 300 mil pessoas, com 500 mil trabalhando de forma indireta, enquanto dois terços das empresas em questão são da União Europeia.
“Eles também não querem ouvir a que ponto é importante para nós mesmos decidir quando e como nos comportamos, impor ou não sanções, mas exigimos respeito por nós. Eles não querem entender como os chineses e russos são importantes para nós", frisou o presidente sérvio, acrescentando que Belgrado continua no caminho europeu e tem muito a fazer antes da próxima cúpula da UE prevista para dezembro.
Na quinta-feira (21) em Bruxelas se realizou a cúpula com a participação das principais autoridades da União Europeia e dos líderes dos países dos Balcãs Ocidentais, junto com a república autoproclamada de Kosovo. Entre os temas principais estiveram o processo da integração dos países com a UE e os desafios criados pela operação militar russa na Ucrânia.
Após a cúpula, o primeiro-ministro albanês, Edi Rama, e o primeiro-ministro da Macedónia do Norte, Dimitar Kivacevski, afirmaram que a reunião não trouxe quaisquer resultados concretos para os países da região.
A Sérvia é um país candidato ao ingresso na União Europeia desde 2012. As negociações de adesão começaram em 2014. A Albânia se tornou país candidato em 2014, a Macedônia do Norte recebeu o status em 2005. A partir de 2020, Tirana e Skopje várias vezes têm esperado receber da UE uma data concreta para o início de negociações de adesão, mas a decisão sempre tem sido adiada.