Sputnik
Testes médicos em um soldado e uma civil na Sérvia, que foram atacados durante os bombardeios da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) em 1999, descobriram que o nível de urânio radioativo em suas correntes sanguíneas está "centenas de vezes" acima do normal.
Munições com urânio empobrecido que foram usadas durante bombardeios da OTAN na Iugoslávia nos anos 90, imagem referencial © AP Photo / Hidajet delic |
As informações foram confirmadas à Sputnik pelo advogado sérvio Srdan Aleksic. Explicou que, nos Estados Unidos, as tropas que foram expostas à radioatividade são elegíveis para benefícios generosos por invalidez. Entretanto, isso não foi oferecido ao povo da Iugoslávia.
Aleksic, que passou vários anos entrando com ações judiciais para tentar garantir uma compensação para as vítimas dos bombardeios da OTAN, disse que os testes foram realizados em Turim, na Itália, e que sua equipe jurídica agora aguarda uma tradução oficial dos resultados para o sérvio.
"Então não vou me aprofundar nos detalhes médicos. Mas os resultados são assustadores, não apenas para o sul da Sérvia, Kosovo e Metohija e a zona de segurança terrestre entre eles, onde nosso primeiro demandante serviu por 200 dias", disse Aleksic.
"A segunda análise foi tirada de uma mulher em Belgrado. Seus resultados são um pouco melhores. Vamos entrar com uma ação judicial com base nos resultados", acrescentou.
A mídia sérvia indicou que a mulher foi exposta ao material de alta radioatividade porque ficou perto de um prédio bombardeado.
Os níveis de urânio-238 (DU) encontrados em nos tecidos de ambos cidadãos da Sérvia estavam até 500 vezes acima do normal, e que níveis tão altos de contaminação por DU não foram estabelecidos em nenhum outro civil ou militar que ela conheça.
De acordo com jornal sérvio Vecherne Novosti, em um artigo publicado no sábado (23), em condições normais, a quantidade máxima de alumínio em um litro de sangue é de 3,3 microgramas. Mas nas tropas italianas e sérvias que sofrem de contaminação por DU, ela passa de 500, 2 mil ou até 3 mil microgramas.
Em 2000, um tribunal de Belgrado considerou o ex-general dos EUA, Wesley Clark, e o chefe da OTAN, Javier Solana, culpados de crimes de guerra pelos atentados de 1999. No entanto, a decisão foi revogada em 2001 após a derrubada do presidente Slobodan Milosevic.
Os ataques da OTAN têm usado munições DU em muitas campanhas desde o fim da Guerra Fria, semeando até 2.300 toneladas de DU em todo o Iraque durante a Guerra do Golfo, de 1991, e a invasão de 2003.
Além do uso em armas no Afeganistão e na Síria, exercícios militares e acidentes envolvendo aeronaves dos EUA também teriam contaminado partes de Okinawa, Japão, Sardenha, Itália e Remscheid, na Alemanha.