Carla Araújo | UOL, em Brasília
Assim como fez em sua participação, na semana passada, na Comissão de Fiscalização do Senado, Paulo Sergio diz que somente em uma reunião técnica poderia reforçar a necessidade de acolhimento de três propostas que os militares consideram "essenciais".
Ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira | Imagem: Roque de Sá/Agência Senado |
"Há três propostas que consideramos importantes e que, se acolhidas - e ainda há tempo para acolhê-las [para as eleições deste ano] - resolveriam muita coisa", disse o general, na audiência.
As sugestões do ministro da Defesa, que já foram respondidas pelo TSE, são: realizar o teste de integridade das urnas nas mesmas condições de votação, incluindo o uso de biometria; Promover o TPS (Teste Público de Segurança) no modelo de urna UE2020, que representa 39% do total de urnas; e incentivar a realização de auditoria por outras entidades, principalmente por partidos políticos, conforme prevê a legislação eleitoral.
Fachin, que acolheu parte das sugestões enviadas pelos militares, já avisou Paulo Sergio que as demais propostas das Forças Armadas serão consideradas após a eleição de 2022.
O ministro da Defesa, porém, avisou a interlocutores que vai continuar insistindo para que a presidência do TSE agende uma reunião entre técnicos da Corte eleitoral e das Forças Armadas com o intuito de que essas propostas possam avançar e ser implementadas ainda neste ano.
Participação da USP é vista com 'bons olhos'
Apesar de dar sinais de que vai insistir no embate com o TSE, fontes da Defesa, incluindo o ministro, viram com bons olhos a iniciativa do TSE de permitir que professores e pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo realizem testes de segurança no novo modelo de urna eletrônica (UE2020) que será usado nas eleições 2022.
A avaliação dos modelos UE 2020 deve ocorrer até o próximo mês. Segundo o TSE, os pesquisadores tentarão quebrar o sigilo e alterar a destinação de votos, além de simular possíveis formas de ataque aos programas (softwares) e equipamentos (hardware) que compõem o sistema eleitoral.
Os militares afirmam que uma das propostas do ministro é justamente submeter o modelo UE2020 ao Teste Público de Segurança (TPS), mas que "não apenas uma" e sim várias instituições deveriam participar do treinamento realizando ataques às urnas e testando as suas vulnerabilidades.
Apesar disso, fontes ouvidas pela coluna afirmaram que a iniciativa do TSE é uma sinalização positiva para a adoção de medidas que possam aperfeiçoar a transparência e a segurança do processo eleitoral. E reforçam que vão insistir para que as medidas aconteçam "ainda para este pleito".
As Forças Armadas têm repetido o discurso de Bolsonaro. Em um recente oficio solicitaram ao TSE todos os arquivos das eleições de 2014 e 2018, justamente os anos que fazem parte da retórica de fraude do presidente.
Discurso de campanha
Apesar de integrantes da campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro avisarem que o embate com a Justiça eleitoral "não rende votos", o presidente tem demonstrado que vai insistir na briga com o TSE e com o Judiciário, como uma espécie de vacina para contestar o resultado das eleições, caso seja derrotado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, atual favorito nas pesquisas de intenção de votos.
O tema, aliás, dominou a última reunião ministerial de Bolsonaro, na qual a equipe de campanha - incluindo o general Braga Neto, que será vice na chapa - queria alinhar estratégias de viagens em busca de votos.
Sem fraude comprovada
Nunca houve registro de fraude eleitoral no Brasil desde que a urna eletrônica passou a ser usada. Uma fraude no voto eletrônico é improvável porque dependeria de uma combinação de violações de segurança que dificilmente aconteceria. E o resultado das eleições pode, sim, passar por auditoria.