Por Julia Payne | Reuters
LONDRES - Datada de 14 de julho, a carta dizia que a estatal monopolista russa de gás estava declarando força maior nos suprimentos, a partir de 14 de junho.
Logo da Gazprom exibido no Fórum Econômico Internacional de São Petersburgo (SPIEF) © Reuters/ANTON VAGANOV |
Conhecida como uma cláusula de "ato de Deus', a força maior é padrão em contratos comerciais e especifica circunstâncias extremas que isentam uma parte de suas obrigações legais.
A Gazprom não fez comentários imediatos sobre a força maior.
A Uniper, maior importadora de gás russo da Alemanha, estava entre os clientes que disseram ter recebido uma carta e que havia rejeitado formalmente a alegação como injustificada.
Sem compartilhar a carta, uma fonte do mercado, pedindo para não ser identificada devido à sensibilidade da questão, afirmou que a força maior dizia respeito ao fornecimento através do gasoduto Nord Stream 1, uma importante rota de fornecimento para a Alemanha e outros países.
Os fluxos através do gasoduto estão zerados, pois a estrutura passa por manutenção anual que começou em 11 de julho e deve terminar na quinta-feira.
A Europa teme que Moscou possa manter o gasoduto paralisado em retaliação às sanções impostas à Rússia pela guerra na Ucrânia, aumentando uma crise de energia que corre o risco de levar a região à recessão.
ATRASO COM TURBINA
Já em 14 de junho, a Gazprom havia reduzido a capacidade do gasoduto para 40%, citando o atraso de uma turbina sendo reparada no Canadá pelo fornecedor de equipamentos Siemens Energy.
O Canadá enviou a turbina do gasoduto Nord Stream para a Alemanha de avião em 17 de julho, após a conclusão dos trabalhos de reparo, informou o jornal Kommersant na segunda-feira, citando pessoas familiarizadas com a situação.
Desde que não haja problemas com logística e alfândega, levará mais cinco a sete dias para a turbina chegar à Rússia, segundo a reportagem.
O fornecimento de gás russo vem diminuindo nas principais rotas há alguns meses, inclusive via Ucrânia e Belarus, bem como através do Nord Stream 1 sob o Mar Báltico.
A União Europeia, que impôs sanções a Moscou, pretende interromper o uso de combustíveis fósseis da Rússia até 2027, mas quer que os suprimentos continuem enquanto desenvolve fontes alternativas.