France Presse
Apesar de lenta, a ofensiva é contínua e permitiu-lhe ganhar território nessa parte do país.
Grupo de pessoas observa a destruição na cidade ucraniana de Sloviansk, em 3 de julho de 2022 © Genya SAVILOV |
Após mais de quatro meses de guerra, os aliados da Ucrânia organizaram para esta semana na Suíça uma reunião com representantes de países, organizações internacionais e também empresários sobre a reconstrução do país destruído pela guerra. Seu custo é estimado em US$ 750 bilhões.
Durante o encontro, foram delineados, nesta terça, os princípios e as prioridades para a reconstrução - uma tarefa "colossal", nas palavras do presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
"Devemos tornar tudo o que foi destruído melhor do que era antes", disse o primeiro-ministro ucraniano, Denis Shmigal.
No terreno, porém, a guerra continua em todo país, e o avanço das forças russas no leste da Ucrânia não para. A cidade de Sloviansk, o próximo alvo das forças russas na região, está sofrendo um bombardeio "maciço", anunciou seu prefeito nesta terça.
"Sloviansk! Bombardeio maciço da cidade. No centro, no norte. Todo o mundo tem que se refugiar", alertou no Facebook Vadim Liakh, prefeito desta cidade na província de Donetsk de cerca de 100.000 habitantes antes da guerra.
A Rússia tem seus esforços bélicos concentrados em garantir o controle da bacia de mineração e industrial do Donbass, composta por Donetsk e pela província de Luhansk, onde conta com o apoio de separatistas pró-russos.
A Ucrânia afirma que suas tropas ainda defendem uma "pequena" porção de território em Luhansk, apesar de a Rússia afirmar que tem seu controle total.
- "A luta continua" -
No domingo (3), a Rússia conquistou um avanço crucial ao controlar a cidade de Lysychansk, que está perto da fronteira entre essas duas províncias.
O Exército ucraniano se retirou, afirmando que era uma estratégia para salvar vidas, já que as forças de Moscou superavam as forças adversárias em homens e em capacidade militar.
Com o controle de Lysychansk, que ocorreu depois de os russos terem tomado a cidade vizinha de Severodonetsk, as tropas russas podem seguir seu avanço.
Além de Sloviansk, também está na mira dos russos a cidade de Kramatorsk, uma das últimas posições ucranianas em Luhansk.
"A luta continua nas fronteiras administrativas da região", anunciou a Presidência ucraniana nesta terça-feira.
Um indício de que Moscou busca consolidar o abastecimento para um novo ataque é que as forças ucranianas afirmaram que os russos estão "tomando medidas" em Luhansk para restaurar a infraestrutura de transporte atrás da linha de frente.
As forças russas também fecharam o cerco da pequena cidade de Siversk, a primeira no caminho desde Luhansk, após vários dias de bombardeios.
- Contra-ataque ucraniano em Kherson -
No "front" do sudoeste, na região ucraniana de Kherson, que está sob ocupação dos russos, as tropas de Moscou mobilizaram helicópteros e artilharia para tentar enfrentar um contra-ataque dos ucranianos.
A escalada dos combates no sul da Ucrânia ocorre no momento em que as autoridades locais instaladas pela Rússia anunciaram que um ex-quadro do Serviço Federal de Segurança (FSB), a agência de Inteligência russa, assumirá o governo de Kherson.
Nesta parte da Ucrânia, a Rússia lançou uma campanha para instituir a ocupação, introduzindo o rublo como moeda, emitindo passaportes, garantindo serviços bancários e abrindo escritórios estatais.
Na segunda-feira, Zelensky reiterou seu apelo a um aumento dos envios de armamento que o Ocidente fornece ao seu país para resistir à invasão, preparar uma resistência e uma contraofensiva para recuperar os territórios perdidos.
- "Mais fortes" -
Em Bruxelas, o secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), Jens Stoltenberg, anunciou que a aliança abriu oficialmente o processo para ratificar a adesão de Suécia e Finlândia.
"Com 32 nações ao redor da mesa, seremos ainda mais fortes e nosso povo estará ainda mais seguro, enquanto enfrentamos a maior crise de segurança em décadas", disse ele, em uma coletiva de imprensa acompanhado dos ministros das Relações Exteriores da Suécia e da Finlândia.
Ambos os países nórdicos decidiram abandonar sua histórica postura de não alinhamento militar formal para aderir à Otan, com a qual já tinham uma política de associação.
Agora, sua adesão depende da Turquia, que aguarda o cumprimento de acordos para levantar seu veto.