Marcello Sapio | CNN
O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa criticou na quarta-feira (6) uma fala do ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, sobre a segurança das urnas eletrônicas e disse que as Forças Armadas “devem permanecer quietinhas e ficar no canto delas” ao longo do processo eleitoral.
Joaquim Barbosa | Reprodução |
Durante uma audiência no Congresso, também na quarta-feira, o ministro afirmou que “nenhum sistema é inviolável”, incluindo as urnas eletrônicas. Ele também disse que tem tratado do processo eleitoral por ter sido convidado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a participar das discussões.
“As Forças Armadas estavam quietinhas em seu canto e foram convidadas pelo TSE a participarem dessa Comissão de Transparência Eleitoral (…). Meu envolvimento foi único e exclusivamente por ter sido convidado pelo TSE para fazer parte desse processo”, disse.
Sobre a declaração do ministro, Barbosa escreveu: “Ora, general, as Forças Armadas devem permanecer quietinhas em seu canto, pois não há espaço para elas na direção do processo eleitoral brasileiro. Ponto”.
Ele disse ainda que insistir numa “pressão desabrida e cínica sobre a Justiça Eleitoral, em clara atitude de vassalagem em relação a Bolsonaro, que é candidato à reeleição, é sinalizar ao mundo que o Brasil caminha paulatinamente rumo a um golpe de Estado”. “Pense nisso, general”, escreveu.
Segundo o ex-ministro do Supremo, o Brasil tem um ramo da Justiça independente que foi concebido “precisamente para subtrair o processo eleitoral ao controle dos políticos”. “E dos militares de casaca, claro.”
A CNN procurou o Ministério da Defesa e aguarda uma resposta.
O presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores têm questionado a segurança das urnas eletrônicas e citado supostas fraudes no processo eleitoral, que nunca foram comprovadas.
Barbosa foi ministro do STF por 11 anos, tendo sido nomeado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em 2003. Em 2006, tornou-se relator do caso que ficou conhecido como mensalão. Em 2012, assumiu a presidência do Supremo, na qual permaneceu até a sua aposentadoria, em julho de 2014.