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"Os Estados Unidos estão sinceramente convencidos do seu verdadeiro direito de decidir por outros Estados, com quem fazer amizades, a quem obedecer, com quem fazer comércio, a quem pagar o tributo e perante quem se ajoelhar. [Os Estados Unidos] dividem políticos estrangeiros em 'limpos' (ou seja, controlados por eles mesmos, obedientes e úteis) e 'sujos', contra os quais desencadeiam guerras, que podem ser declaradas ou híbridas, mas sempre bem financiadas. Além disso, em certos casos tomam de forma cínica decisões sobre a sua eliminação física", escreveu Medvedev no seu canal no Telegram.
Joe Biden © AFP 2022 / Chip Somodevilla / Getty Images North America |
O político russo, atual vice-presidente do Conselho de Segurança do país, acrescentou que os Estados Unidos o fazem sem qualquer timidez – "simplesmente emitem uma ordem pública sobre a eliminação de um líder estrangeiro".
"Como sucedeu com Cuba e os irmãos Castro (neste caso sem sucesso) ou com Saddam Hussein, no Iraque. Ou, ainda há pouco, com um dos oficiais iranianos – Qasem Soleimani. Há um ror de exemplos disso", salientou o ex-presidente.
Medvedev também disse que os Estados Unidos usam o livro de George Orwell "A Revolução dos Bichos" como guia para ação ou instrução de como tirar partido da sua própria espécie.
"O livro de George Orwell 'A Revolução dos Bichos' é a obra de todos os tempos. Pois, neste mesmo momento, muitas autoridades americanas entendem-no literalmente, como guia para ação. Ou como instrução de como tirar partido da sua própria espécie. Nas suas cédulas bancárias, os norte-americanos escrevem as pretenciosas palavras 'Cremos em Deus' (In God we Trust, em inglês). Na realidade, pelo contrário, o slogan mais próximo aos norte-americanos são as palavras conhecidas de um porco gordo, da obra 'A Revolução dos Bichos', com o nome de Napoleão: 'Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros'. Pode-se dizer que se trata da essência da percepção norte-americana da democracia", escreveu.
De acordo com Medvedev, tal modelo da ordem mundial é muito simples – ninguém pode fazer nada, enquanto os EUA podem fazer tudo. E quanto mais longe, mais os Estados Unidos desejam usurpar o direito de árbitro supremo da moral e legitimidade internacional, que ao mesmo tempo não pode ser condenado por tribunais ou punido, salientou o político russo. Ele também acrescentou que há bastantes "capangas" dos Estados Unidos até na Rússia.
"Por quê? É que são eles, os Estados Unidos, a tocha da democracia. São eles os melhores, os excepcionais. Isso é dito, com uma admiração quase nazista, por grande parte da elite norte-americana, junto com os seus criados britânicos. E não só se trata deles. Há bastantes capangas deles. Mesmo no nosso país. Lembro-me da minha conversa com um oligarca petrolífero russo que, depois de ter cumprido pena de prisão, se transformou no principal opositor. Por volta do ano de 2002 ele disse-me que no nosso país tudo está organizado de forma errada. Eu perguntei-lhe: 'Mas como se deve fazer?' E recebi uma resposta magnífica: 'Simplesmente tal como na América. É preciso copiar eles e não mudar nada. É impossível arranjar algo melhor'. Palavra por palavra", afirmou o atual vice-presidente do Conselho de Segurança russo, Dmitry Medvedev.