TASS
TEERÃ - Os líderes da Rússia, Irã e Turquia confirmaram sua adesão à soberania e integridade territorial da Síria e enfatizaram a falta de alternativas ao acordo político neste país na primeira Cúpula de Astana em três anos realizada em Teerã na terça-feira.
O presidente turco Recep Tayyip Erdogan, o presidente russo Vladimir Putin e o presidente iraniano Ebrahim Raisi © Sergei Savostyanov/TASS |
De acordo com sua declaração conjunta, a Troika de Astana deve desempenhar um papel fundamental para parar o conflito sírio. O presidente russo Vladimir Putin condenou a política destrutiva do Ocidente na Síria, enquanto seu colega iraniano Ebrahim Raisi afirmou que o trio concordava que as forças dos EUA deveriam deixar a república árabe.
A TASS reuniu as principais declarações sobre a Síria expressas em Teerã.
O papel-chave do Formato Astana
A Troika de Astana deve continuar a desempenhar um papel fundamental no assentamento sírio, concordaram os líderes. Eles também pretendem ampliar o formato trilateral e reforçar a coordenação "em diferentes campos, a fim de promover a cooperação política e econômica conjunta".
Putin disse que o trabalho conjunto de Moscou, Ancara e Teerã foi, em geral, "bastante produtivo", mas enfatizou a necessidade de medidas adicionais sobre a estabilização nas áreas não controladas por Damasco, particularmente, no Trans-Eufrates, e em seu retorno ao governo legítimo da Síria.
A necessidade de solução política
As três partes confirmaram que o conflito sírio não tem uma solução militar e só pode ser resolvido pelos próprios sírios em um processo político.
Putin ressaltou que o trio deve tomar medidas para iniciar esse diálogo na república árabe para que seus moradores possam determinar seu futuro "sem a imposição de receitas ou modelos prontos externos". O presidente turco Recep Tayyip Erdogan apoiou a nova reunião do Comitê Constitucional Sírio em Genebra.
Neutralizando o separatismo
Em sua declaração conjunta, os três líderes enfatizaram "seu compromisso inabalável com a soberania, independência, unidade e integridade territorial da República Árabe Síria, bem como com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas".
Eles também rejeitaram "todas as tentativas de criar novas realidades no terreno sob o pretexto de combater o terrorismo, incluindo iniciativas ilegítimas de autogoverno" e expressaram a intenção de "se posicionar contra agendas separatistas" que, segundo Putin, estão sendo desencadeadas por alguns países.
Guerra ao terror
O trio de Astana expressou "sua determinação de continuar trabalhando juntos para combater o terrorismo de todas as formas e manifestações". Segundo Putin, é necessário livrar completamente a Síria da presença do Estado Islâmico (EI, banido na Rússia) e de outros grupos extremistas.
O presidente russo também observou que as forças externas estão tentando usar os militantes sírios "para resolver suas próprias tarefas geopolíticas egoístas", incluindo além do Oriente Médio.
Implementação de acordos no norte da Síria
Putin, Raisi e Erdogan observaram a necessidade de implementar plenamente todos os acordos no norte da Síria e concordaram em coordenar seus esforços para alcançar estabilidade e segurança naquela região. Erdogan afirmou que as áreas controladas pelos curdos naquela região onde Ancara está planejando uma nova operação militar se tornaram um "paraíso para terroristas".
Os três líderes enfatizaram "a necessidade de manter a calma no terreno, implementando plenamente todos os acordos sobre Idlib".
A questão dos refugiados e das sanções
A Troika de Astana rejeitou todas as sanções unilaterais contra a Síria e instou a comunidade internacional a reforçar a ajuda aos sírios "sem discriminação, politização e pré-condições e de forma mais transparente". Além disso, deve "assumir maior responsabilidade no compartilhamento de fardos e melhorar sua assistência à Síria, entre outros, desenvolvendo projetos de recuperação antecipada, incluindo ativos básicos de infraestrutura".
Erdogan observou separadamente a questão migratória, reiterando que atualmente existem cerca de 3,7 milhões de refugiados sírios na Turquia.
Condenação da intromissão externa
Os líderes condenaram "os contínuos ataques militares israelenses na Síria, incluindo infraestruturas civis" e reiteraram "a necessidade de cumprir decisões legais internacionais universalmente reconhecidas, incluindo as disposições das resoluções relevantes da ONU que rejeitam a ocupação do Golã sírio".
Putin observou separadamente "a política destrutiva dos Estados ocidentais liderados pelos EUA" que incentivam o separatismo em certas regiões da Síria e "saqueiam seus recursos naturais para acabar desmembrando o Estado sírio".
Planos futuros
A próxima cúpula trilateral será realizada na Rússia a convite de Putin. Além disso, o 19º encontro internacional sobre a Síria no formato Astana será realizado antes do final deste ano.