RFI
O anúncio de que Washington vai enviar sistemas de mísseis avançados à ex-república soviética para atacar pontos estratégicos das forças russas foi feito pelo presidente Joe Biden, em um artigo publicado na terça-feira (31), no jornal The New York Times.
Colunas de fumaça sobre a cidade de Severodonetsk após intensos combates entre tropas ucranianas e russas na região do Donbass, no leste da Ucrânia, em 30 de maio de 2022. AFP - ARIS MESSINIS |
"Proporcionaremos aos ucranianos sistemas de mísseis e munições mais avançados, que lhes permitirão atacar com maior precisão alvos-chave no campo de batalha na Ucrânia", escreveu Biden, sem especificar os tipos de sistemas. Ele indicou o desejo de fortalecer a Ucrânia no caso de negociações com a Rússia. "Não estamos incentivando a Ucrânia e não estamos dando os meios para atacar fora de suas fronteiras", esclareceu.
Um alto funcionário da Casa Branca informou que se trata dos sistemas HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System), lança-foguetes montados em blindados leves. Os sistemas usarão munições guiadas de precisão com alcance de 80 quilômetros. O funcionário ainda destacou que "os ucranianos usarão esses sistemas para repelir os avanços russos dentro da Ucrânia, mas que não serão usados contra o território da Rússia".
O equipamento faz parte de uma nova ajuda militar de Washington à Kiev no valor de US$ 700 milhões. O Congresso americano lançou recentemente um pacote de US$ 40 bilhões para financiar o envio de armamento à Ucrânia.
O Kremlin reagiu dizendo que os Estados Unidos "adicionam combustível ao fogo" entregando novas armas à Ucrânia. "Qualquer entrega de armas que continue ou cresça, aumenta o risco” de um confronto militar entre potências, disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Serguei Riabkov, em declarações à agência RIA Novosti, depois de ser questionado sobre um possível conflito armado entre Washington e Moscou.
Embora não sejam sistemas de longo alcance, os novos equipamentos enviados pelos EUA representam um reforço significativo das capacidades ucranianas. Desde o início do conflito, o presidente americano, Joe Biden, atua com cuidado para não fornecer uma ajuda militar à Ucrânia que transforme os Estados Unidos em um país cobeligerante. No momento em que a Ucrânia enfrenta uma forte ofensiva russa no leste do país, Biden assegurou em seu artigo no jornal que não irá "pressionar o governo ucraniano, seja em privado ou em público, a fazer concessões territoriais".
Tropas russas avançam
O governador ucraniano Serguiï Gaïdaï afirmou na manhã desta quarta-feira que as forças russas estão "consolidando suas posições" no centro de Severodonetsk, cidade estratégica no leste da Ucrânia. Na noite ontem, ele já havia anunciado que as forças russas controlavam "a maior parte da cidade". Elas "continuam destruindo as infraestruturas e instalações industriais", afirmou o governador, após o ataque, na véspera, contra a fábrica química Azot, que atingiu um tanque de ácido nítrico.
Desde que Lugansk foi tomada pelos separatistas pró-Rússia apoiados por Moscou em 2014, Severodonetsk virou a capital administrativa das autoridades ucranianas na região. As forças russas também atacam distritos do norte, sul e leste, acrescentou Gaïdaï.
As forças russas têm o objetivo declarado de controlar a bacia de mineração do Donbass, da qual forças separatistas pró-Rússia apoiadas por Moscou assumiram o controle parcial, em 2014.
(Com informações da AFP)