France Presse
"É conveniente aproveitar este momento de intensificação das sanções contra a energia procedente da Rússia", o novo inimigo número um do Ocidente, estima Edward Moya, da sociedade de corretagem Oanda.
Funcionário da estatal venezuelana PDVSA agita bandeira iraniana após a chegada de um petroleiro daquele país trazendo combustível para aliviar a escassez © AFP |
Durante a cúpula do G7 na Alemanha, a França defendeu uma "diversificação de suprimentos" procedentes do Irã e da Venezuela para conter a alta brutal dos preços dos combustíveis causada pela guerra.
O Brent do Mar do Norte, referência do petróleo na Europa, subiu 20% desde o início da invasão em 24 de fevereiro, enquanto o americano WTI, ganhou 22%.
Entre os fatores que elevaram os preços estão a proibição de importar hidrocarbonetos russos, embargados pelos EUA em março, e medidas semelhantes adotadas no início de junho pela União Europeia.
- Pressões internacionais -
Neste contexto, os 23 membros da Opep+ - Organização dos Países Exportadores de Petróleo - que se reúnem na quinta-feira, sofrem pressões internacionais para aumentar sua oferta e garantir um preço justo.
Juntos, Irã e Venezuela, poderiam ofertar "uma quantidade substancial de petróleo ao mercado de forma rápida" afirma Craig Erlam, da Oanda.
O Irã tem uma capacidade de até 4 milhões de barris diários e a Venezuela poderia produzir até um milhão, segundo estimativas da Swissquote.
"Tempos difíceis exigem medidas extremas", destaca Stephen Innes, da Spi Asset Management, que menciona ainda "a crescente pressão dos dirigentes europeus sobre a Casa Branca para uma mudança no rumo de suas sanções".
Do lado iraniano, tudo dependerá das imprevisíveis negociações sobre o programa nuclear de Teerã, cujos objetivos são reintegrar os Estados Unidos ao pacto de 2015 e que a República Islâmica respeite integralmente seus compromissos em troca de um levantamento das sanções internacionais.
Depois de três meses, as negociações entre Teerã e Washington foram retomadas de forma indireta no Catar. Pra Innes, os "Estados Unidos poderiam autorizar a oferta de barris iranianos ao mercado", antes de um acordo.
Sobre a Venezuela, com as maiores reservas de petróleo comprovadas no mundo, a Casa Branca anunciou em maio que algumas das sanções impostas em 2019 foram aliviadas.
Washington cortou as relações diplomáticas e embargou seu petróleo em uma tentativa de tirar Nicolás Maduro do poder, após sua polêmica reeleição em 2018.
A autorização às companhias italiana Eni e espanhola Repsol para exportar petróleo venezolano para a Europa foi celebrada por Maduro como "medidas leves, mas significativas".
As sanções contra Caracas serão aliviadas com avanços democráticos e eleições "livres". Ao contrário, serão endurecidas, advertiu uma autoridade americana.