Richard Connor | Deutsch Welle
Um tribunal alemão condenou nesta terça-feira (28/06) Josef S., um ex-guarda de campo de concentração nazista, a cinco anos de prisão por cumplicidade em assassinatos e em tentativas de assassinatos. Aos 101 anos, ele é a pessoa mais velha a ser julgada por crimes nazistas.
Acusado negou ter sido guarda no campo de Sachsenhausen durante a 2ª Guerra | Foto: Markus Schreiber/AP Photo/picture alliance |
Os promotores acusaram o aposentado de envolvimento no assassinato de ao menos 3.518 prisioneiros no campo de Sachsenhausen entre 1942 e 1945, na Segunda Guerra Mundial. O tribunal concluiu que, durante esses três anos, Josef S. atuou como guarda do campo e foi membro da organização paramilitar nazista Schutzstaffel (SS).
Os promotores afirmam que ele, como guarda do campo, participou "conscientemente e voluntariamente" de crimes, e pediram que ele fosse punido com cinco anos de prisão.
Por meio de seu trabalho como guarda, ele "apoiou voluntariamente o extermínio em massa", concluiu o juiz Udo Lechtermann. Não foi possível constatar se o próprio Josef S. executou os crimes pelo fato de não haver mais testemunhas vivas.
Quais foram as acusações?
As acusações contra Josef S. incluem participação na "execução por fuzilamento de prisioneiros de guerra soviéticos em 1942" e o uso do "gás venenoso Zyklon B" nas câmaras de gás do campo de concentração de Sachsenhausen.
Ele estava sendo julgado desde outubro no tribunal regional de Neuruppin. As audiências sobre o caso foram realizadas na cidade vizinha de Brandemburgo, no leste da Alemanha.
O homem, que vive no estado de Brandemburgo, se declarou inocente durante todo o julgamento e negou ter trabalhado como guarda do campo. Ele voltou a ressaltar isso nesta segunda-feira.
"Não sei por que estou aqui", disse ele novamente no final do processo. Sob interrogatório, o réu afirmou anteriormente que não fez "absolutamente nada". Ele negou ter tido conhecimento dos vastos crimes que ocorreram em Sachsenhausen.
O que aconteceu em Sachsenhausen?
Mais de 200 mil pessoas – em sua maioria judeus, mas também membros da comunidade roma, opositores do regime e gays – foram presas no campo de concentração de Sachsenhausen entre 1936 e 1945 por nenhuma outra razão além de sua identidade religiosa e étnica, sexualidade ou crenças políticas. No total, seis milhões de judeus foram mortos durante o Holocausto.
O campo de Sachsenhausen estava localizado em um distrito da pequena cidade de Oranienburg, próxima a Berlim. Desde a sua conclusão, em 1936, o local serviu de modelo para outros campos de concentração nazistas. Também serviu de campo de treinamento para pessoal da organização paramilitar SS.
Dezenas de milhares morreram no local em consequência de trabalhos forçados ou como resultado de experimentos médicos antiéticos, fome e doenças, além de assassinatos em massa que ocorreram lá.
As tropas soviéticas foram as primeiras a chegar para libertar o campo, em 1945.