Por Pavel Polityuk | Reuters
KIEV - “Esta parte da operação humanitária em Mariupol acabou”, escreveu a vice-primeira-ministra, Iryna Vereshchuk, no aplicativo de mensagens Telegram.
Pessoas que deixaram Mariupol chegam a vilarejo de Bezimenne, na região de Donetsk © Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO |
O Ministério da Defesa da Rússia também anunciou a conclusão da operação para retirar civis da siderúrgica. Em uma publicação online, o ministério disse que 51 pessoas foram resgatadas desde que a operação de três dias começou na quinta-feira. Os 51 eram 18 homens, 22 mulheres e 11 crianças, acrescentou.
A siderúrgica da era soviética, o último bastião às forças ucranianas em Mariupol, tornou-se um símbolo da resistência à operação mais ampla da Rússia de tomar faixas do leste e do sul da Ucrânia durante a guerra que já dura 10 semanas.
Sob intenso bombardeio, soldados e civis estavam presos há semanas em abrigos profundos e túneis subterrâneos que cruzam o local, com pouca comida, água e remédios.
As forças russas, apoiadas por tanques e artilharia, tentaram novamente invadir Azovstal neste sábado, afirmou o comando militar, parte de um ataque feroz para desalojar os defensores ucranianos na cidade estratégica com um porto no Mar Azov.
Mariupol ficou em ruínas por semanas de bombardeio russo e a siderúrgica foi praticamente destruída. Vários grupos de civis deixaram o complexo na última semana, durante pausas nos combates.
Mais cedo neste sábado, a agência de notícias russa Interfax citou separatistas apoiados por Moscou na região de Donetsk, na Ucrânia, dizendo que mais 50 pessoas haviam sido retiradas do local sitiado.
No entanto, jornalistas da Reuters ainda não haviam visto sinais da chegada delas ao centro de recepção no território controlado pelos separatistas perto de Mariupol. Os separatistas afirmaram que 176 civis foram retirados da siderúrgica até agora no total.
A retirada de civis da siderúrgica de Azovstal -- mediada pela ONU e pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha -- começou no último fim de semana, mas foi paralisada durante a semana por novos combates.
O prefeito da cidade estimou esta semana que 200 civis ficaram presos na siderúrgica.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, disse em um discurso por vídeo no fim da noite de sexta-feira que a Ucrânia trabalhava diplomaticamente para resgatar soldados barricados dentro da siderúrgica. Não ficou claro quantos deles ainda estão lá.
Os soldados prometeram não se render. Autoridades ucranianas temem que forças russas querem eliminá-los até segunda-feira, a tempo das comemorações de Moscou da vitória da União Soviética contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.
O presidente russo, Vladimir Putin, declarou vitória em Mariupol em 21 de abril, ordenou o fechamento da siderúrgica e pediu que as forças ucranianas baixassem as armas. Mas a Rússia posteriormente retomou o seu ataque ao local.
Questionado sobre os planos da Rússia para marcar o aniversário de segunda-feira em partes da Ucrânia que controla, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na sexta-feira que “chegará a hora de marcar o Dia da Vitória em Mariupol”.
Moscou chama o que está fazendo desde 24 de fevereiro de uma “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e livrá-la do que considera ser um nacionalismo anti-russos fomentado pelo Ocidente. Ucrânia e o Ocidente dizem que a Rússia lançou uma guerra sem provocações.
Mariupol, que fica entre a península da Crimeia -- tomada por Moscou em 2014 -- e partes do leste da Ucrânia controladas por separatistas apoiados pela Rússia desde aquele ano, é chave para ligar os dois territórios controlados pela Rússia e para bloquear exportações da Ucrânia.