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Dois soldados russos capturados se declararam culpados nesta quinta-feira (26/05) de bombardear uma cidade no leste da Ucrânia, no segundo julgamento por crimes de guerra desde o início da ofensiva de Moscou contra o país vizinho.
"Sou completamente culpado dos crimes dos quais sou acusado", disse um dos soldados no tribunal | Foto: Bernat Armangue/AP Photo/picture alliance |
Durante a audiência no tribunal distrital de Kotelevska, no centro da Ucrânia, promotores públicos pediram que os soldados Alexander Bobikin e Alexander Ivanov sejam condenados a 12 anos de prisão por violarem as leis da guerra.
Já um advogado de defesa pediu clemência, afirmando que os dois soldados estavam apenas seguindo ordens de superiores e se arrependeram.
Posicionados em uma câmara de vidro reforçada no tribunal, Bobikin e Ivanov reconheceram fazer parte de uma unidade de artilharia que disparou contra alvos na região de Kharkiv, na Ucrânia, a partir da região de Belgorod, na Rússia. O bombardeio destruiu uma instituição de ensino na cidade de Derhachi, nos arredores de Kharkiv, segundo os procuradores.
Os militares, descritos como um motorista de artilharia e um artilheiro, foram capturados após cruzarem a fronteira russa-ucraniana e continuarem o bombardeio, afirmou o gabinete do procurador-geral.
"Sou completamente culpado dos crimes dos quais eu sou acusado. Nós abrimos fogo contra a Ucrânia a partir da Rússia", declarou Bobikin ao tribunal durante o julgamento transmitido ao vivo.
Em um apelo para não ser condenado à pena máxima de prisão, Ivanov disse: "Eu me arrependo e peço a redução da pena."
A audiência desta quinta-feira durou menos de uma hora. O veredicto está previsto para 31 de maio.
Soldado russo condenado
Este é o segundo julgamento por crimes de guerra desde o início do conflito na Ucrânia. Na segunda-feira, um tribunal ucraniano condenou um soldado russo à prisão perpétua por matar um civil desarmado.
Durante o julgamento em Kiev, o sargento Vadim Shishimarin, de 21 anos, se declarou culpado pela morte de um homem de 62 anos em 28 de fevereiro, apenas quatro dias após o início da invasão russa. O militar também pediu perdão à viúva da vítima e disse que disparou sob ordens de dois oficiais superiores.
De acordo com a acusação, Shishimarin comandava uma pequena unidade dentro de uma divisão de tanques. Após sua caravana de tanques ter sido atacada, ele e outros soldados roubaram um carro, e, de dentro do veículo, Shishimarin atirou contra a vítima, que teria testemunhado o roubo do automóvel.
Crimes de guerra
Os julgamentos têm um enorme significado simbólico para a Ucrânia, que acusou a Rússia de atrocidades e brutalidade contra civis durante a invasão e disse ter identificado mais de 10 mil possíveis crimes de guerra. A Rússia, por sua vez, nega ter mirado civis ou se envolvido em crimes de guerra.
A procuradora-geral da Ucrânia disse na semana passada que seu gabinete prepara casos contra 41 soldados russos por crimes de guerra, que incluem bombardear infraestrutura civil, matar civis, estupros e saques. Não está claro quantos dos suspeitos estão sob poder dos ucranianos e quantos seriam julgados à revelia.
Na semana passada, o Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciou o envio de uma equipe de 42 especialistas à Ucrânia para investigar possíveis crimes cometidos pelas tropas russas desde o início da invasão ao país, em 24 de fevereiro.
Dias antes, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução para iniciar uma investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos pela Rússia na Ucrânia.