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Em conversa por vídeo na Chatham House, um instituto independente de política de Londres, Zelensky disse que isso é o mínimo que seu país pode aceitar.
Cinquenta civis conseguiram deixar a siderúrgica em Mariupol na sexta-feira | EPA |
Ele disse ser líder da "Ucrânia, e não uma mini-Ucrânia". Mas ele não mencionou, em suas condições, a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. Zelensky quer que a Rússia devolva os territórios tomados após 24 de fevereiro, quando começou a invasão.
Forças ucranianas e alguns civis tentam resistir em uma siderúrgica, no sudeste da cidade, que tem sido submetida a violentos ataques russos.
Tomar Mariupol seria a maior conquista da Rússia em dois meses de guerra e daria ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, algo para comemorar em 9 de maio, que é o Dia da Vitória na Rússia — o dia em que o país lembra a vitória soviética sobre os nazistas na Segunda Guerra Mundial.
Falando de Kiev para a Chatham House em Londres, Zelensky disse que, para haver paz, não é aceitável que a Rússia mantenha o território que conquistou desde que invadiu a Ucrânia.
"Para parar a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, o passo a ser dado é voltar ao ponto de 23 de fevereiro", disse ele em resposta a uma pergunta feita pela BBC, referindo-se ao dia anterior ao início da guerra. "Fui eleito pelo povo da Ucrânia como presidente da Ucrânia, não como presidente de uma espécie de mini Ucrânia. Este é um ponto muito importante."
A referência à situação em 23 de fevereiro sugere que a Ucrânia não pretende insistir em recuperar a Crimeia neste momento. A península foi anexada pela Rússia há oito anos.
Zelensky pediu a retomada do diálogo diplomático entre a Rússia e a Ucrânia: "Apesar do fato de terem destruído todas as nossas pontes, acho que nem todas as pontes ainda estão destruídas, falando em sentido figurado", disse ele.
A Rússia, por sua vez, descreve esse processo como "estado de estagnação".
As evacuações de Mariupol continuam
Na sexta-feira (6/5), mais 50 civis, incluindo 11 crianças, foram retirados da siderúrgica Azovstal em Mariupol, segundo a Rússia e a Ucrânia, em uma operação coordenada pela ONU e pela Cruz Vermelha. Acredita-se que mais ainda estejam presos nos túneis e bunkers da era soviética sob a fábrica.
A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, disse que a operação foi retardada pelos combates e pelo que ela chamou de "provocações". Ela disse que as evacuações serão retomadas no sábado.
A Rússia havia anunciado anteriormente um cessar-fogo diurno na fábrica por três dias, a partir de quinta-feira.
Zelensky disse que convidou o chanceler alemão Olaf Scholz para visitar a Ucrânia em 9 de maio. A presença do líder alemão na Ucrânia no dia em que a Rússia comemora o sacrifício soviético na Segunda Guerra Mundial é altamente simbólico.
"Ele pode dar este passo político muito poderoso e sábio, vir aqui em 9 de maio, para Kiev", disse Zelensky. "Não estou explicando o significado, acho que você é culto o suficiente para entender o porquê."
O líder ucraniano havia inicialmente criticado a postura da Alemanha durante a guerra.
Em uma entrevista à BBC em abril, ele acusou a Alemanha de bloquear os esforços para embargar as vendas de energia russa e disse que os países europeus que continuaram a comprar petróleo russo estavam "ganhando seu dinheiro no sangue de outras pessoas".
No mesmo mês, uma visita planejada a Kiev pelo presidente alemão Frank-Walter Steinmeier foi cancelada no último minuto por causa dos laços econômicos da Alemanha com a Rússia.
Biden aumenta ajuda militar
Também na sexta-feira, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou US$ 150 milhões (R$ 750 milhões) em nova ajuda militar para a Ucrânia.
Um alto funcionário dos EUA disse a repórteres que a ajuda inclui artilharia, radares de contra-artilharia, equipamentos eletrônicos de interferência e peças de reposição.
Mas Biden alertou que o financiamento atual está perto de se esgotar e pediu ao Congresso que autorize o envio de mais dinheiro.
Os EUA dizem que também estão fornecendo inteligência para a Ucrânia, e a imprensa americana citou autoridades dizendo que a inteligência dos EUA ajudou a Ucrânia a afundar o principal cruzador de mísseis da Rússia, o Moskva.