Por Guy Faulconbridge | Reuters
LONDRES - Vladimir Putin, líder supremo da Rússia desde o último dia de 1999, citou repetidamente a ampliação pós-soviética da Otan para o leste em direção às fronteiras da Rússia como uma razão para a invasão da Ucrânia.
Vice-ministro das Relações Exteriores da Rússia Sergei Ryabkov em Moscou © Reuters |
A guerra, no entanto, fomentou uma das maiores mudanças na arquitetura de segurança da Europa em décadas: movimentos antes impensáveis da Suécia e da Finlândia, essa última que compartilha uma fronteira de 1.300 quilômetros com a Rússia, para se juntar à aliança militar.
"Elas não devem ter ilusões de que vamos simplesmente tolerar isso -- e nem Bruxelas, Washington e outras capitais da Otan", disse o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, segundo a agência de notícias estatal RIA.
Ryabkov, que liderou negociações com os EUA sobre uma proposta russa de interromper a expansão da Otan para o leste, disse que as decisões de Helsinque e Estocolmo de ingressar na aliança são um erro.
"O nível geral de tensão militar aumentará, a previsibilidade nessa esfera diminuirá. É uma pena que o bom senso esteja sendo sacrificado por alguma disposição fantasmagórica sobre o que deve ser feito nessa situação em desenvolvimento", disse Ryabkov.
A Rússia deu poucas pistas sobre o que fará em resposta ao alargamento nórdico da Otan, dizendo apenas que haveria uma "resposta técnico-militar".
Um dos aliados mais próximos de Putin disse no mês passado que a Rússia poderia mobilizar armas nucleares e mísseis hipersônicos no exclave russo de Kaliningrado se Finlândia e Suécia se juntarem à Otan.
A adesão da Finlândia e da Suécia à Otan -- fundada em 1949 para fornecer segurança europeia contra a União Soviética -- seria uma das maiores consequências estratégicas da invasão russa da Ucrânia até hoje.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que tal ampliação da Otan não fortaleceria a segurança da Europa.
O Ocidente diz que a Otan -- uma aliança de 30 países, incluindo ex-Repúblicas que fizeram parte da aliança militar do bloco soviético Pacto de Varsóvia, como Polônia e Hungria, além de potências nucleares como Estados Unidos, Reino Unido e França -- é puramente defensiva.
Moscou afirma que a Otan ameaça a Rússia e que Washington ignorou repetidamente as preocupações do Kremlin sobre a segurança de suas fronteiras no Ocidente, fonte de duas devastadoras invasões europeias em 1812 e 1941.