ANSA
"Algumas declarações dos políticos e da mídia italiana foram além das boas normas diplomáticas e jornalísticas. A Itália está na primeira fila dos que adotam e promovem sanções anti-Rússia e para nós isso foi uma surpresa. Nós estávamos acostumados com a ideia de que a Itália, graças a sua história, soubesse distinguir o branco do preto", disse em entrevista à emissora italiana "Rete 4".
Sergei Lavrov | Reprodução |
Essa não é a primeira vez que um alto funcionário russo critica a defesa feita pelos italianos desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro.
Por diversas vezes, inclusive, Moscou citou que ajudou o país durante a pandemia de Covid-19 e citou que a defesa das sanções por parte de Roma era "indecente". À época, o próprio premiê Mario Draghi rebateu a fala do Ministério das Relações Exteriores russo dizendo que "indecentes são os massacres que vemos todos os dias na Ucrânia".
Lavrov ainda reforçou que Moscou está querendo cobrar os países europeus que importam gás russo em rublos porque essas nações "roubaram" as reservas do país em outras nações.
"Vocês querem pagar na moeda prevista pelos contratos, mas os fornecimentos serão considerados pagos quando essas somas forem convertidas em rublos, que não podem ser roubados. Para quem compra, nada muda e pagarão os mesmo valores previstos em contrato", disse ainda à emissora.
No entanto, Moscou já cortou o fornecimento para Bulgária e Polônia por "falta de pagamento" e apenas a Hungria reconheceu que está aceitando a exigência dos russos. Os demais países da União Europeia informam que continuam a pagar em euros como determinam os contratos.
Questionado se a Rússia quer depor o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, de seu cargo, Lavrov afirmou que "não quer trocar ninguém porque uma troca de regime assim é uma especialidade dos norte-americanos". Para ele, o único desejo é que o mandatário "interrompa hostilidades e deixe os civis irem embora" - só não explicou exatamente ao que se referia já que, até o momento, os ucranianos só se defendem dos ataques de Moscou.
Ao ser perguntado como a Rússia queria "desnazificar" a Ucrânia se o próprio Zelensky é judeu, Lavrov rebateu que "isso não tem significado porque até Hitler tinha origens judias". A fala sobre desnazificação foi usada pelo presidente russo, Vladimir Putin, como um dos motivos para invadir o país vizinho em fevereiro, mas o tema foi abandonado logo depois que o conflito se mostrou mais longo do que o Kremlin previa.