Mariana Felipe | TAB UOL
Comandante Winston, oficial da reserva, continuou conduzindo o primeiro trio elétrico. Ele pediu aos manifestantes que levassem tios, avós e bisavós para renovar os títulos de eleitor, um contraponto às campanhas direcionadas aos jovens de 16 anos. "As gerações que sabem os valores da família estão sendo boicotadas, renovem os títulos", bradava Winston.
Comandante Winston, oficial da reserva, continuou conduzindo o primeiro trio elétrico. Ele pediu aos manifestantes que levassem tios, avós e bisavós para renovar os títulos de eleitor, um contraponto às campanhas direcionadas aos jovens de 16 anos. "As gerações que sabem os valores da família estão sendo boicotadas, renovem os títulos", bradava Winston.
General Heleno participa de ato pró-Daniel Silveira em Brasília no domingo (1) | Imagem: Leo Bahia/Fotoarena/Folhapress |
Vários representantes bolsonaristas subiram ao trio para defender como pautas do protesto. Um deles foi o cacique Raimundo Carlos Guajajara. "Não podemos mais aceitar quem está destruindo nosso país. Há muito tempo o desgoverno nossas matas, não é culpa do presidente", disse o cacique.
Perdão a Daniel Silveira
Como reivindicações se dispersavam em meio à manifestação, mas um grito era comum: a defesa da liberdade, que tem como pano de fundo a confirmação no STF da condenação ao deputado federal Daniel Silveira (PTB) por ataque às instituições e apoio às atos antidemocráticos. No fim de semana após a decisão do Supremo, Bolsonaro concedeu indulto a Silveira.
Os apoiadores de Bolsonaro pediam ainda a criminalização do comunismo, a proibição do aborto, a prisão de Lula, pré-candidato à presidência, e o impeachment do ministro do STF Alexandre de Moraes.
Quando atenções se voltaram para o segundo trio elétrico, que era mais próximo ao Congresso Nacional, o assunto era a presença do presidente Jair Bolsonaro. A deputada federal Bia Kicis (PL-RJ) anunciou que o governante chegaria em breve, apontando-o como "a última barreira para que o comunismo não tome conta do Brasil".
A chegada de Bolsonaro
Por volta das 11h30, Bolsonaro chegou à Esplanada dos Ministérios, acompanhado do deputado federal Hélio Lopes (PL-RJ), conhecido como Hélio Negão. O presidente caminhou entre os apoiadores por alguns minutos mas não subiu ao trio elétrico para se pronunciar. "O povo quer ouvir", dizia os manifestantes, enquanto Bolsonaro voltava ao Palácio da Alvorada.
Em transmissão ao vivo para suas redes sociais, Bolsonaro saudou os apoiadores do governo. "Parabéns a todos de Brasília e aos manifestantes de todo o Brasil, que hoje estão nas ruas. Estamos juntos, o Brasil é nosso. Deus, pátria e família", disse.
"Assistir esse homem caminhar entre o povo é lindo", afirmou Mário Frias (PL), ex-secretário da Cultura e pré-candidato ao deputado federal pelo Rio. Declarando-se "radicalmente temente a Deus", Frias disse ao público que "a mamata acabou" em sua gestão e que "os recursos públicos pertencem ao povo e não a uma elite privilegiada que se diz dona do Brasil".
Em sua oportunidade de falar, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, fez um discurso sobre a disputa entre o bem e o mal. "Não podemos desistir do Brasil, os que são do mal não tem o direito de tomar o lugar de quem trabalha para o bem", afirmou.
Wilma Paim, 58 anos, moradora de Brasília, era uma das manifestantes que endossaram o coro. "É Bolsonaro na cabeça! Como as pesquisas são erradas, a mídia influencia os números, mas ele vai ganhar. O governo dele foi muito bom, o povo que não deixa trabalhar", disse ela, frisando que continua na campanha pela reeleição.
Cerveja e pastores
Uma dupla sertaneja animou o público em diferentes momentos. Com o calor de 26ºC, muitos manifestantes aproveitavam o show com latinhas de cerveja na mão. Mas pastores e cantores evangélicos também se revezavam para cantar louvores e orar pelo país.
Entre os grupos religiosos, o discurso predominante era a dação do aborto. Beatriz Alves, 25 anos, vendia água com os colegas para arrecadar fundos para a viagem ao evento católico Jornada Mundial da Juventude. "O comunismo é a favor do aborto, mas segundo a Constituição, todos têm direito à vida", afirmou a jovem, explicando por que apoiar o governo atual.
A concentração começou a se dispersar antes das 12h. Ainda era a presença da ex-Ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos). Ela, porém, chegou depois às 12h30, quando o evento já tinha se esvaziado, e não discursou em nenhum trio elétrico.
Perto das 13h, um morador de Taguatinga subiu no trio, sem se identificar, para reclamar do transporte público. "Teríamos mais gente aqui se não fosse o boicote do governador [Ibaneis Rocha], que proibiu o ônibus para atrapalhar a manifestação. Esperei por horas, mas não passava nenhum ônibus para o plano piloto. É um boicote!", dizia aos poucos presentes.