Deutsch Welle
Os militares russos estão se retirando do entorno de Kharkiv, que fica no noroeste do país e é a segunda maior cidade da Ucrânia, depois de bombardeá-la desde o final de fevereiro, afirmaram neste sábado (14/05) as Forças Armadas ucranianas.
Soldado ucraniano observa tanque russo destruído na região de Kharkiv | Foto: Vitalii Hnidyi/REUTERS |
Segundo o comando militar ucraniano, os soldados russos que recuaram de suas posições se concentraram na defesa de rotas de abastecimento, e batalhões russos seguiam lançando bombas e ataques aéreos na região de Donestsk, no leste do país, com o objetivo de "esgotar as forças ucranianas e destruir bases militares".
O ministro da Defesa ucraniano, Oleksii Reznikov, afirmou que a Ucrânia estava "entrando em uma nova fase, de longo prazo, da guerra".
Kharkiv fica a apenas 80 quilômetros a sudoeste da cidade russa de Belgorod e, antes da guerra, tinha 1,4 milhão de habitantes, que majoritariamente falam russo. Conquistar a cidade era um dos principais objetivos de Moscou no início da invasão.
A Ucrânia "parece ter ganho a batalha de Kharkiv", disse o Institute for the Study of War, um think tank sediado em Washington. "As forças ucranianas impediram as tropas russas de cercar, e muito menos de tomar Kharkiv, e depois as expulsaram da região ao redor da cidade, como já tinham feito com as forças russas que tentavam tomar Kiev", afirmou o instituto.
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, disse que os ucranianos estavam fazendo o seu "máximo" para expulsar os invasores, e que o resultado da guerra dependeria do apoio da Europa e de outros aliados. "Ninguém hoje pode prever quanto tempo esta guerra durará", disse Zelenski em um discurso em vídeo na noite de sexta-feira.
Combates acirrados
O governador regional de Kharkiv, Oleh Sinegubov, disse em uma mensagem no aplicativo Telegram que não houve bombardeios à cidade na sexta-feira, e que a Ucrânia havia lançado uma contra-ofensiva perto de Izyum, cidade a 125 quilômetros ao sul de Kharkiv que está sob controle russo desde o início de abril.
A área de Izyum inclui rotas de transporte e é importante para o objetivo de Moscou de cercar os combatentes ucranianos na região de Donbass, no leste.
Oleh Zhdanov, um analista militar ucraniano independente, afirmou que há combates intensos no rio Siversky Donets, perto da cidade de Severodonetsk, onde a Ucrânia lançou contra-ataques mas não conseguiu deter o avanço da Rússia. "O destino de uma grande parte do exército ucraniano está sendo decidido, há cerca de 40 mil soldados ucranianos lá", disse.
Forças russas sofreram perdas em um ataque ucraniano que destruiu uma ponte flutuante que estava sendo usada para a travessia desse rio, o maior da Ucrânia oriental, na cidade de Bilohorivka, segundo autoridades ucranianas e britânicas.
O Ministério da Defesa britânico disse que a Rússia perdeu "significativos elementos de manobra blindados" de pelo menos um batalhão do grupo tático no ataque, e que a arriscada travessia do rio era um sinal "da pressão a que os comandantes russos estão submetidos para progredir em suas operações no leste da Ucrânia".
Foco no leste
Depois que as forças russas desistiram de capturar Kiev, o presidente russo, Vladimir Putin, deslocou suas tropas para o leste do país, na região de Donbass, uma área industrializada onde os ucranianos já vinham lutado contra separatistas apoiados por Moscou desde 2014.
A ofensiva da Rússia tem o objetivo cercar os batalhões mais experientes e melhor equipados da Ucrânia, que estão no leste, e conquistar as áreas de Donbass que seguem controladas pela Ucrânia.
Obter uma visão completa de como os combates no leste estão evoluindo tem sido difícil, pois os ataques aéreos e as linhas de artilharia tornaram extremamente perigoso o deslocamento de jornalistas. Mas a batalha no momento parece ser uma sequência de avanços e recuos, sem grandes conquistas de nenhum dos lados.
A Rússia capturou algumas vilas e cidades de Donbass, incluindo Rubizhne, uma cidade que tinha uma população de cerca de 55 mil habitantes antes da guerra. Já Zelenski disse que as forças ucranianas também fizeram progressos no leste, retomando seis cidades e vilas ucranianos nesta sexta-feira.