Por Trevor Hunnicutt e Sakura Murakami | Reuters
TÓQUIO - As declarações de Biden, feitas durante sua primeira visita ao Japão desde que assumiu o cargo, e sob a observação do primeiro-ministro japonês Fumio Kishida, pareciam ser um desvio da política dos EUA da chamada ambiguidade estratégica sobre Taiwan.
Presidente dos EUA, Joe Biden, durante visota a Tóquio © Reuters |
A China considera a ilha democrática seu território, sob sua política de "uma só China", e diz que é a questão mais sensível e importante em seu relacionamento com Washington.
Quando um repórter perguntou a Biden durante uma entrevista coletiva conjunta com o líder japonês se os Estados Unidos defenderiam Taiwan em caso de ataque, o presidente respondeu: "Sim".
"Esse é o compromisso que assumimos", disse ele.
"Nós concordamos com a política de uma só China. Nós aderimos a ela e a todos os acordos pretendidos feitos a partir daí. Mas a ideia de que pode ser tomada à força, apenas tomada à força, não é, é apenas não apropriado."
Biden acrescentou que sua expectativa era de que tal evento não acontecesse ou fosse tentado.
Uma autoridade da Casa Branca disse mais tarde que não houve mudança na política em relação a Taiwan. A China expressou sua "forte insatisfação e oposição" às declarações, afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan agradeceu a Biden por seu apoio.
Os assessores de segurança nacional de Biden se mexiam em seus assentos e pareciam estar estudando Biden de perto enquanto ele respondia à pergunta sobre Taiwan. Vários olharam para baixo enquanto ele fazia o que parecia ser um compromisso inequívoco com a defesa de Taiwan.
Biden fez um comentário semelhante sobre defender Taiwan em outubro. Naquela época, um porta-voz da Casa Branca disse que Biden não estava anunciando nenhuma mudança na política dos EUA e um analista se referiu ao comentário como uma "gafe".
Apesar da insistência da Casa Branca de que os comentários de segunda-feira não representam uma mudança na política dos EUA, Grant Newsham, coronel reformado do Corpo de Fuzileiros Navais dos EUA e agora pesquisador do Fórum do Japão para Estudos Estratégicos, disse que o significado é claro.
"Esta declaração merece ser levada a sério", afirmou Newsham. "É uma declaração bastante clara de que os EUA não ficarão de braços cruzados se a China atacar Taiwan."
Embora Washington seja obrigada por lei a fornecer a Taiwan os meios para se defender, há muito tempo segue uma política de "ambiguidade estratégica" sobre se interviria militarmente para proteger Taiwan no caso de um ataque chinês.