Sputnik
A OTAN vê como ideal o prolongamento indefinido do conflito na Ucrânia, disse Nikolai Patrushev, secretário do Conselho de Segurança da Rússia, em entrevista ao jornal Argumenty i Fakty.
Nikolai Patrushev | Reprodução |
"Se a Ucrânia fosse autônoma, e não fosse administrada pelo atual regime de marionetes, obcecado pela ideia de entrada na OTAN e na UE, ela há muito teria expulsado toda a escória nazista de sua terra", afirmou ele em artigo publicado nesta terça-feira (24).
"Ao mesmo tempo, o cenário ideal visto por toda a Aliança do Atlântico Norte, com os EUA à frente, é um conflito ardendo infinitamente nesse país. A Ucrânia é necessária ao Ocidente como contrapeso à Rússia, e também como polígono para a utilização de armamento antigo", acrescentou Patrushev.
Para o secretário do Conselho de Segurança russo, "os ocidentais não tirarão seus óculos cor-de-rosa até que os jovens ucranianos enlouquecidos não comecem um alvoroço nas suas ruas".
"A propósito, não é só na Europa. Lembrem-se do recente tiroteio em Buffalo, nos EUA. Gostaria de perguntar aos americanos qual é a diferença entre um neonazista atirando contra pessoas em um supermercado e os combatentes de Azov [contra vários militantes dos quais foram abertos casos criminais na Rússia], que humilhavam e destruíam diariamente de ano a ano a população civil de Donbass", lembrou o alto responsável russo.
Segundo Nikolai Patrushev, são a Rússia, a República Popular de Donetsk (RPD) e a República Popular de Lugansk (RPL) que devem pedir reparações ao Ocidente, e não a Ucrânia a Moscou.
"É a Rússia que tem direito de exigir reparações dos países que patrocinaram os nazistas na Ucrânia e o criminoso regime de Kiev. A RPD e a RPL devem exigir deles reparações por todos os danos materiais durante oito anos de agressão. E o próprio povo ucraniano merece reparações dos principais instigadores do conflito, ou seja, os EUA e o Reino Unido, que estão forçando os ucranianos a lutar, apoiando os neonazistas, fornecendo-lhes armas e enviando seus conselheiros militares e mercenários."
Ele lamentou que muitos ucranianos ainda acreditem no que o Ocidente e Kiev lhes dizem.
Papel do Ocidente
"A sobriedade virá mais cedo ou mais tarde. Eles ainda terão que abrir os olhos e ver que o país realmente não existe, que o patrimônio genético do povo e sua memória cultural estão sendo destruídos pelos ocidentais e substituídos por conceitos de gênero fanáticos e valores liberais vazios", continuou Patrushev.
O destino da Ucrânia será decidido pelo povo, de acordo com o membro do governo russo.
"Gostaria de lembrar que nosso país nunca esteve à frente dos destinos dos poderes soberanos. Pelo contrário, nós os ajudamos na defesa de seu Estado", sublinhou.
O secretário do Conselho de Segurança da Rússia não vê a necessidade de "perseguir prazos" para acabar com a operação militar especial na Ucrânia, mas defendeu que "o nazismo deve ser erradicado 100%, ou levantará sua cabeça dentro de poucos anos, e de uma forma ainda mais feia".
O alto responsável qualificou a OTAN como ameaça, apesar de sua autodenominação, citando as ações que tomou.
"A OTAN não é nenhum bloco militar defensivo, mas um bloco militar agressivo na sua forma mais pura, e aderir a ele significa entregar automaticamente uma parte significativa de sua soberania a Washington. Se a aliança expandir sua infraestrutura militar para a Finlândia e Suécia, a Rússia entenderá isso como uma ameaça direta à sua própria segurança, e será obrigada a responder", explicou ao Argumenty i Fakty.